Sem GP Brasil, São Paulo perderia R$ 300 milhões ao ano com turismo
Demétrio Vecchioli
09/05/2019 15h00
Bruno Santos/ Folhapress
Cada vez que desembarca com o seu "circo" em São Paulo, a Fórmula 1 traz dezenas de milhares de turistas. Brasileiros e estrangeiros. Pesquisa por amostragem da SPTuris, realizada no ano passado, calculou que o impacto econômico só com turismo na cidade foi de R$ 334 milhões em 2018. Um crescimento de 19,2% com relação ao ano anterior e superando inclusive os cálculos da prefeitura, que apontavam um impacto de R$ 300 milhões.
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O estudo não detalha o total de turistas que vem a São Paulo por conta do GP Brasil, mas apresenta dados que mostram um panorama do cenário. Em 2018, os três dias do GP tiveram um público somado de 150 mil pessoas. Cerca de 10 mil empregos diretos são gerados anualmente por causa da corrida, de acordo com o Ministério do Turismo.
Naturalmente, os brasileiros são maioria entre os presentes ao GP, mas o número de estrangeiros quase que dobrou de 2017 para 2018. Eles representaram 18,6% dos visitantes no ano passado, vindos principalmente dos países do Cone Sul: Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai. Cerca de 53% dos torcedores que vão ao GP são de fora do estado de São Paulo e 78% do público vem de fora da cidade de São Paulo. Esses percentuais têm crescido. Há cinco anos, eram de 13%, 37% e 67%, respectivamente.
Em 2018, os torcedores que não moram na capital paulista ficaram na cidade por 2,9 dias, em média, e gastaram estimados R$ 3.330 por unidade familiar, composta por 1,6 pessoa em média. Hospedados principalmente em hotéis, fazem com que o GP Brasil historicamente seja um dos picos de ocupação da rede hoteleira da cidade.
A Associação da Industria de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP) anunciou que as reservas atingiram 91% da rede hoteleira no ano passado, o equivalente a cerca de 40 mil quartos ocupados. "É o evento mais importante do calendário municipal entre aqueles não ligados às feiras comerciais. Durante o GP Brasil, a cidade tem de 85% a 100% do setor hoteleiro ocupado. Já chegou a 100%, mas no mínimo é 85%", diz Bruno Omori, presidente da ABIH-SP.
Tudo isso com um público avaliado como qualificado. O torcedor que vai a Interlagos tem superior completo (66%), renda familiar acima de R$ 4,7 mil (81%) e se locomove de carro ou por aplicativos de transporte (58%).
"São Paulo pode oferecer condições melhores do que o Rio para esse público. São Paulo por exemplo tem 27 hotéis cinco estrelas. O Rio, mesmo com Olimpíada e tudo mais, só tem 12. O setor de segurança também é mais forte em São Paulo, com um número maior de veículos blindados para locação", explica Omori.
Ele também cita o número de helicópteros, cuja frota é utilizada à exaustão durante o GP, não apenas para o transporte de pilotos, mas também de convidados VIP, especialmente. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), em fevereiro São Paulo tinha mais de 2 mil helicópteros em sua frota. O Rio, apenas 413.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
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Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.