GP Brasil vai custar quase R$ 40 mi à prefeitura de SP, sem contar obras
A Secretaria de Turismo da prefeitura de São Paulo destinou R$ 38,9 milhões para a realização do GP Brasil de Fórmula 1 de 2019, que vai acontecer no fim de semana do dia 17 de novembro. O valor chega perto dos R$ 41,0 milhões que a mesma pasta investiu na organização do carnaval de rua da cidade neste ano passado. Com uma diferença: de acordo com dados da própria prefeitura o carnaval movimentou R$ 2,1 bilhões, contra R$ 334 milhões da F1. Quase sete vezes mais.
Os números estão disponíveis no site da Secretaria de Turismo, que firmou um contrato de R$ 54 milhões com a Secretaria de Obras para a realização tanto do GP Brasil de Fórmula 1 quanto de uma etapa do World Endurance Championship (WEC), também no autódromo de Interlagos. Programada para 1º de fevereiro do ano que vem, a etapa do WEC vai custar cerca de R$ 16 milhões aos cofres públicos municipais.
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O contrato detalha os custos do GP Brasil. São R$ 8,3 milhões para a montagem de arquibancadas tubulares, R$ 6,7 milhões para "suporte técnico" e outros R$ 6,3 milhões em "apoio operacional". Só a limpeza do autódromo vai custar R$ 3,5 milhões e a segurança outros R$ 2 milhões. Também são computados R$ 3,1 milhões como "taxa de administração" e R$ 4,1 milhões em impostos.
O valor total investido tem caído ano. Em 2018 a SP Obras empenhou R$ 40,9 milhões. Em 2017 a Secretaria de Turismo destinou R$ 44,1 milhões, ante R$ 46,5 milhões em 2016. Esses são os valores originais, sem correção monetária. A reportagem não encontrou os contratos referentes a 2014 e 2015 e a prefeitura não respondeu nenhum questionamento enviado pelo blog na segunda-feira (4). Nesta quarta o governo organiza entrevista coletiva para fala da privatização do autódromo.
Os gastos anuais na casa de R$ 40 milhões não são previstos no contrato assinado em abril de 2014 pelo então prefeito Fernando Haddad (PT) com a Interpub Eventos, promotora do GP Brasil. Naquele convênio, a prefeitura se comprometeu a ceder o autódromo de Interlagos e apoiar a realização do torneio durante as sete temporadas (2014 a 2020) do contrato que garante à Interpub o direito de realizar uma etapa da temporada no Brasil.
O GP Brasil é um dos poucos que não paga uma taxa à Liberty Media, atual dona da Fórmula 1, mas o município, desde 2013, bate na tecla de que a contrapartida pela manutenção da etapa em São Paulo foi uma reforma ampla em Interlagos. Essa reforma, que acaba este ano, foi bancada pelo governo federal, que investiu R$ 160 milhões vindos do orçamento do Plano de Aceleração do Crescimento do Turismo (PAC Turismo). Sem levar em conta essas melhorias, o autódromo dá lucro operacional à prefeitura.
A discussão sobre a taxa é ponto central na negociação para que o GP Brasil continue em São Paulo, ou vá para o Rio. É o organizador privado que paga essa taxa à Liberty, mas com a promessa de ser recompensado de alguma forma pelo poder público. O grupo que promete construir um autódromo no Rio de Janeiro e levar a corrida para lá já sinalizou que está disposto a pagar mais de R$ 100 milhões por ano.
Em São Paulo, a prefeitura e o governo do Estado já afirmaram diversas vezes que as contas precisam ser feitas na ponta do lápis. Pagar uma taxa de R$ 100 milhões significaria um custo de R$ 140 milhões, já considerando o gasto com infraestrutura.
A prefeitura diz que a corrida gera um impacto econômico R$ 334 milhões, mas não detalha como fez a conta. No estudo disponível no site da Secretaria de Turismo consta que cada turista teve um gasto total de R$ 2 mil na cidade. Interlagos pode receber 70 mil pessoas. Mesmo que todas fossem turistas (na verdade 77% deles vieram de fora da cidade em 2018), isso geraria um gasto de R$ 150 milhões.
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