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Pacaembu deve seguir como casa do futebol feminino após concessão

Demétrio Vecchioli

17/09/2019 04h00

Clássico entre São Paulo e Palmeiras no Pacaembu (divulgação/São Paulo FC)

Semifinais do Campeonato Paulista, clássicos, decisão da Série A2 do Brasileiro. Com o aumento do investimento no futebol feminino e também do interesse do público, o Pacaembu se tornou a casa da modalidade em São Paulo. Só este ano foram já foram realizados 13 jogos entre clubes no futebol feminino, além de um torneio com a seleção. O 14º jogo, um Santos x São Paulo valendo vaga na final estadual, no sábado, será o primeiro de um Pacaembu privatizado.

A assinatura da concessão do estádio municipal à iniciativa privada aconteceu ontem de manhã, em evento no Salão Nobre do Pacaembu. Antes do início da cerimônia, Aline Pellegrino, diretora de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol (FPF), se apresentou ao presidente do consórcio, Eduardo Barella, e deixou claro o interesse que o estádio siga sendo a "casa" do futebol feminino.

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"O Pacaembu é um baita parceiro dos clubes da capital, do Santos também. Foi exatamente isso que eu fui falar para ele. Mostrar o tamanho da relação com o estádio. Para os clubes, para a seleção brasileira. Há menos de um mês tivemos um torneio que colocou 17 mil pessoas em um jogo chuvoso. No sábado, um jogão, São Paulo 3 x 2 (no Santos)", disse Aline, citando a primeira partida da semifinal do Paulista.

Diferentemente dos jogos do futebol masculino, no feminino não há torcida única e os clássicos têm ocorrido sem confusão. Todos os quatro grandes do Estado já jogaram no estádio esse ano. "O Pacaembu é a casa de todos. Não fiz média, porque é a verdade. Espero que essa parceria possa seguir", continuou Aline.

Barella, depois, confirmou que está de acordo. "Ela já me trouxe a demanda. Vamos receber o futebol feminino de braços abertos. Não só o feminino. A gente quer o masculino, quer que venham as as categorias de base, ampliar o uso do estádio", afirmou. O consórcio deve assumir o estádio para um mês de gestão conjunta em dezembro e seguir sozinho, sem a prefeitura, a partir de janeiro.

Quando todos os alvarás forem aprovados, o que deve acontecer a partir de abril do ano que vem, o estádio será fechado para reforma. A previsão do consórcio é que ele reabra modernizado depois de 24 meses. Quando isso acontecer, o tíquete médio (valor médio dos ingressos) das partidas de futebol masculino profissional vai naturalmente subir. A dúvida é como será para jogos sem cobrança de ingresso.

Este ano, o Pacaembu já recebeu 46 partidas oficiais (sem contar Taça das Favelas e outros torneios amadores), das quais só 23 foram de futebol masculino profissional. Os outros foram de futebol feminino ou categorias de base, quase sempre sem cobrar ingressos. Hoje a prefeitura cobra até R$ 33 mil por esses alugueis, cerca de 1/3 do que ela ganha com um jogo do futebol masculino profissional. 

Aline não acredita que a discussão de valores venha a ser um problema. "O clube nem pensa nesse retorno de bilheteria. O clube entende que ainda não é o momento de cobrar. É um convencimento de quanto o futebol feminino traz de valor agregado. Óbvio que precisa pagar uma conta, mas a estrutura não precisa ser igual do masculino", argumenta.

"O custo é menor. Dá para negociar para fazer uma parceria de vários jogos, um pacote. É super possível. Acredito que vai continuar sendo dessa forma", opina. Leco, presidente do São Paulo, promete continuar utilizando o estádio. "O São Paulo está desenvolvendo e prestigiando o futebol feminino de uma forma reconhecida. A importância histórica do Pacaembu pela possibilidade de utilização e chamamento do público amante do futebol e agora do futebol feminino é um fator importante para a gente continuar a utilizar."

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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