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Seleção de basquete faz propaganda de graça para o Banco de Brasília

Demétrio Vecchioli

06/09/2019 04h00

Leandrinho em partida do Brasil no Mundial da China (divulgação/Fiba)

A boa campanha da seleção masculina na Copa do Mundo da modalidade, disputada na China, está atraindo atenção para a equipe e, naturalmente, para seus patrocinadores. O mais destacado deles é o Banco de Brasília, o BRB, que tem sua marca exposta no local mais nobre do uniforme verde-amarelo. Mas sem pagar um centavo por isso.

Em julho, a Confederação Brasileira de Basketball (CBB) assinou um "Protocolo de Intenções" com o banco, em evento que contou com a presença de Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal, e Carlos Fontenelle, secretário geral da CBB. No ocasião, Fontenelle disse que o objetivo do protocolo era "dar continuidade aos trabalhos que visam definir o escopo das ações em conjunto".

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Confederação e BRB estão negociando um contrato de patrocínio desde março, pelo menos. O protocolo reforça que as duas entidades concordam que o acordo vai sair, mas nenhuma delas fala oficialmente sobre os motivos de não existir um contrato assinado.

Pelo que apurou o Olhar Olímpico, o problema seria a CBB não ter Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas, o que inviabiliza a assinatura de qualquer contrato por parte do BRB, uma sociedade de economia mista cujo acionista majoritário é o Governo do Distrito Federal.

Sem a certidão não há contrato e sem contrato não há repasse de recursos. Mesmo que o acordo venha a ser assinado ainda este ano, não há a possibilidade de pagamento de patrocínio retroativo. Assim, a propaganda que tem sido feita durante a Copa do Mundo não será remunerada.

Em nota, o BRB disse que o protocolo de intenções dá autorização para uso da marca do banco por parte da CBB, mas que as as cláusulas do contrato estão ainda em negociação. O blog apurou que o BRB ofereceu R$ 1,5 milhão ao ano, valor muito aquém do que os R$ 15 milhões pretendidos pela CBB quando Guy Peixoto assumiu a confederação, em 2017.

"O patrocínio máster nós queremos que seja na faixa de 15 milhões e o menor, intermediário, de cerca de um terço disso", disse ao blog, no fim de 2017, o secretário geral Fontenelle. Em 2016 a CBB recebeu R$ 9,6 milhões do Bradesco, no último ano daquele patrocínio.

Atualmente a confederação tem um único patrocinador, a Motorola, que paga R$ 1 milhão ao ano, e que vinha ocupando a frente da camisa por falta de outra marca. Agora, está nas costas. Em janeiro, a CBB anunciou contrato com a Cimed para as seleções adultas, mas a marca da farmacêutica não aparece no site oficial da confederação, nem no uniforme de jogo da seleção. 

A entidade está sem acesso a recursos da Lei Agnelo/Piva porque não conseguiu renovar, em julho, o certificado de que cumpre o que manda os artigos 18 e 18-A da Lei Pelé. Como mostrou o Olhar Olímpico, o governo federal descobriu que a confederação vem gastando cinco vezes mais com administração do que o permitido.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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