Brasil perde nadador por doping a 36h da estreia no Mundial de Natação
Demétrio Vecchioli
19/07/2019 10h56
Gabriel Santos. (Satiro Sodré/SSPress/CBDA)
Faltando um dia e meio para a estreia do revezamento 4x100m livre no Mundial de Esportes Aquáticos de Gwangju, na Coreia do Sul, o time brasileiro perdeu um importante componente. Gabriel Santos foi julgado por um painel antidoping da Federação Internacional de Natação (Fina) na noite desta sexta-feira na cidade sede da competição, ainda manhã de sexta no Brasil, e levou oito meses de suspensão.
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Gabriel, de 23 anos, foi flagrado em exame antidoping pelo uso da substância proibida Clostobol em um exame de urina colhido em teste surpresa da Fina no dia 20 de maio. A notificação chegou no dia 25 de junho, sem suspensão provisória. Gabriel poderia nadar o Mundial e o Pan pelo revezamento brasileiro, mas depois perder os resultados se fosse suspenso.
Escolheu a segunda alternativa: acelerar ao máximo o processo, inclusive abrindo mão da contraprova, para ser julgado o quanto antes e, talvez, ser inocentado. O plano, porém, não deu certo. Ainda que a defesa alegasse contaminação e uma baixa dosagem da substância proibida, presente em cremes para cicatrização de tatuagens, o painel aplicou oito meses de suspensão.
Cabe recurso, mas as chances de sucesso parecem pequenas. Gabriel fica fora do Mundial e dos Jogos Pan-Americanos, que têm as provas de natação em agosto mas começam oficialmente na próxima sexta-feira (26). Mas, como a suspensão é retroativa à data da coleta do exame, o gancho não afetará sua temporada 2020. Ele poderá nadar a seletiva olímpica brasileira, em abril, sem problemas.
Talvez o menos falado dos quatro componentes do 4x100m brasileiro, Gabriel é o mais regular membro dessa equipe. Chegou de forma surpreendente à seleção na Olimpíada de 2016 e, a partir dali, ganhou seis títulos nacionais seguidos nos 100m livre.
Desde então, os demais componentes do time se alternam, mas ele e Marcelo Cheirighini não saíram de lá. Nadaram com Nicolas Oliveira e Matheus Santana no time que foi quinto na Olimpíada, com Cesar Cielo e Bruno Fratus no grupo prata no Mundial de 2017 e com Marco Ferreira Júnior e Pedro Spajari na equipe campeã do Pan-Pacífico.
Nessas duas últimas escalações, foi Gabriel quem abriu o revezamento. Tudo indicava que deveria ser assim também no Mundial, em que o Brasil chega cotado para o ouro. Na soma dos tempos feitos individualmente nas seletivas nacionais, o time brasileiro, composto também por Spajari e Breno Correia, é só 14 centésimos mais lento que a Rússia e supera com folga a Austrália, por exemplo (os EUA não tiveram seletiva esse ano).
As provas de natação do Mundial começam neste domingo, sempre com eliminatórias às 10h e finais a partir das 20h pelo horário local. O revezamento 4x100m livre é já neste domingo, com a eliminatória no bloco da manhã (a partir das 22h de sábado pelo horário de Brasília) e finais à noite (a partir das 8h de domingo pelo horário de Brasília).
Sem Gabriel, tudo indica que a comissão técnica deverá optar por Bruno Fratus para nadar uma eventual final. Para as eliminatórias, a equipe tem à disposição Breno, Spajari, Chierighini, Fratus, André Calvelo (convocado para ser o quinto homem da equipe) e João de Lucca.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.