Mesmo com vaga do rúgbi, Brasil terá menor delegação no Pan em 16 anos
Demétrio Vecchioli
01/07/2019 13h23
O Time Brasil terá 485 atletas nos Jogos Pan-Americanos de Lima, a partir do próximo dia 24 (a cerimônia de abertura é dia 26). A delegação foi fechada no domingo (30) com a classificação da equipe masculina de rúgbi sevens, vice-campeã do Torneio Pré-Olímpico Sul-Americano. O número é o menor desde 2003 – e seria o menor do século não fosse a conquista do rúgbi.
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O COB chegou a noticiar que poderia chegar a um máximo de 491 atletas, mas a equipe de atletismo sofreu cinco cortes, porque os brasileiros não se encaixaram na cota de inscritos por prova. Além disso, Bia Haddad Maia, do tênis, pediu dispensa e não será substituída.
Nem todas as confederações anunciaram, por enquanto, os convocados. A ginástica artística, por exemplo, tem direito a 10 vagas, mas os nomes dos inscritos ainda não foram divulgados. O mesmo vale para o basquete feminino e o handebol, por exemplo.
Na natação existe a dúvida sobre a participação de Gabriel Santos, do revezamento 4x100m livre, que foi flagrado em exame antidoping mas ainda não foi suspenso. Caso ele seja cortado, Leonardo de Deus deverá ser convocado para o seu lugar.
A delegação brasileira no Pan de Lima será a menor desde Santo Domingo (República Dominicana) em 2003, quando teve 479 atletas. Na véspera da Olimpíada do Rio, em 2015, o COB levou 590 atletas a Toronto. Quatro anos antes, em Guadalajara-2011, foram convocados 522 atletas. O recorde foi no Rio, em 2007, em casa, com 659 atletas.
O número reduzido se explica pela ausência em modalidades coletivas. Das 19 possíveis, só se classificou em 10. Em outras nove, como basquete e futebol masculinos, ficou fora por insuficiência de resultados. No futebol feminino, quem joga a Copa do Mundo não poderá disputar o Pan.
As ausências nos esportes coletivos são, de certa forma, boas para o Comitê Olímpico do Brasil (COB), que economiza com a redução da delegação sem perder projeção de medalhas – foram mais de 140 em cada uma das últimas três edições.
Feito do rúgbi
O sevens masculino não é um time prioritário para a Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu), que dá atenção especial ao sevens feminino (campeão do Torneio Pré-Olímpico feminino) e ao rúgbi XV masculino (o time tem a meta de estar na Copa do Mundo de 2023). Tanto que a competição realizada no fim de semana em Santiago sequer foi noticiada pelo site da confederação.
Acostumado a ser quarta ou quinta força do continente, o Brasil surpreendeu para chegar ao vice-campeonato. Na fase de grupos, venceu dois times que historicamente estão à sua frente: Chile e Uruguai – os uruguaios estiveram em todas as finais entre 2010 e 2015, quando a competição deixou de ser realizada e virou um circuito com convidados de outros continentes.
Na semifinal, jogo parelho contra o Paraguai, vencido por 14 a 12. E aí, na final, contra a Argentina, valendo vaga olímpica, o Brasil não teve nem chances. Perdeu de 26 a 0. Não conseguiu um lugar em Tóquio, mas vai poder disputar um Pré-Olímpico Mundial.
Por enquanto estão classificados Japão, Fiji, EUA, Nova Zelândia, África do Sul e Argentina. Também terão vaga os campeões dos demais continentes. Depois, por fim, uma única vaga será disputada na repescagem mundial. Ali, o Brasil deverá ter a concorrência de times como Espanha, Inglaterra e França (desses, só um vai a Tóquio pelo Europeu) e Samoa ou Austrália (mesma coisa, na Oceania).
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.