Brasil bate Cuba e é campeão pan-americano de judô
Demétrio Vecchioli
28/04/2019 15h47
O Brasil conquistou, neste domingo (28), o título pan-americano de judô por equipes mistas em Lima (Peru). A prova, que envolve três lutas femininas e três masculinas, vai estrear no programa olímpico em Tóquio-2020. Com o resultado, o time brasileiro se aproxima da meta de ser cabeça de chave na Olimpíada do ano que vem. Antes entre quinta (25) e sábado (27), o Brasil faturou 15 medalhas, sendo quatro de ouro, e liderou o quadro de medalhas da competição individual.
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O título deste domingo veio graças principalmente ao desempenho de Beatriz Souza, de apenas 20 anos. Ela venceu duas vezes a cubana Idaliz Ortiz, campeã olímpica em Londres-2012 do peso pesado e prata na Rio-2016. A primeira, no confronto regular do duelo contra Cuba na final. A segunda, no desempate – quando há empate por 3 a 3, é realizado sorteio para que uma das lutas se repita.
Nas duas lutas, Bia neutralizou as ações de Ortiz e venceu graças às punições aplicadas à rival. Em um ano, desde abril do ano passado, as duas já se enfrentaram cinco vezes, com quatro vitórias da brasileira. Esse dado cresce em relevância quando se observa que a titular da categoria no Brasil, Maria Suelen Altheman, tem uma freguesia histórica contra Ortiz. São 16 lutas e 16 derrotas pelo Circuito Mundial, incluindo uma na final da chave peso pesado do Pan, no sábado.
Diferente do Pan, na Olimpíada cada país só pode ter no máximo um atleta por categoria. A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) deve convocar quem fechar o ranking olímpico na frente, desde que na zona de classificação. Caso dois judocas tenham pontuação próxima em uma categoria, aí será levado em conta outros fatores, como desempenho contra as melhores do mundo. No caso do peso pesado feminino, Maria Suelen está bem à frente, em terceiro no ranking, enquanto Bia é nona.
Única brasileira na liderança do ranking mundial, Mayra Aguiar faturou o hexacampeonato na categoria até 78kg. Larissa Pimenta (48kg) também ganhou o ouro. Nathalia Brígida (48kg), Maria Portela (70kg), Maria Suelen (+78kg) e Rafaela Silva (67kg) foram prata e Bia Souza (+78kg) e Sarah Menezes (52kg) faturaram o bronze. Alexia Castilhos (63kg) ficou em quinto na categoria, única que o Brasil corre risco de não se classificar a Tóquio no feminino.
Entre os homens, Rafael Silva e David Moura fizeram a final dos pesados, com vitória de Baby, que já estava à frente no ranking olímpico. Até meados de maio, os pontos valem pela metade. Depois, nos 12 meses seguintes, têm peso cheio.
Além de Baby, Daniel Cargnin (66kg) também faturou o ouro. Leonardo Gonçalves (100kg), Rafael Macedo (90kg), David Moura (+100kg) e Eric Takabatake (60kg) ganharam prata, enquanto Eduardo Yudi (81kg) voltou para casa com bronze.
A notícia ruim foi o desempenho fraco na categoria até 73kg. Lincoln Neves perdeu na estreia, enquanto David Lima ficou em quinto. O resultado é muito preocupante porque essa é uma das seis categorias da prova por equipes mistas. Em Tóquio, só participará dela os países que tiverem atletas nas chaves individuais das seis categorias. Atualmente o melhor brasileiro no ranking é Eduardo Barbosa, no 28º lugar, último da lista de classificados. Ele não lutou o Pan por estar machucado.
O Brasil havia sido apenas o terceiro colocado do Pan-Americano do ano passado, quando competiu com uma equipe praticamente júnior. Em 2017 haviam sido 10 medalhas, sendo seis de ouro. Em 2015, 17 medalhas, das quais sete de ouro.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
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Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.