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Olhar Olímpico

Revezamento 4x100m do Brasil põe medalha no peito 11 anos após prova

Demétrio Vecchioli

31/10/2019 17h06

Sandro Viana, Codó, Vicente Lenílson e Bruno Lins com a medalha de bronze olímpica (Christophe Moratal/COI)

A medalha de bronze do revezamento 4x100m dos Jogos Olímpicos de Pequim finalmente está no peito de Bruno Lins, José Carlos Moreira (o 'Codó'), Sandro Viana e Vicente Lenílson. O quarteto foi homenageado nesta quinta-feira (31) em cerimônia realizada no Museu Olímpico, em Lausanne, na Suíça.

"A ficha não tinha caído ainda. Depois que colocaram a medalha, eu a olhei, passou um filme na minha cabeça e as lágrimas vieram. Foi um choro de felicidade, de ser reconhecido como um medalhista olímpico. Pequim 2008 foi minha primeira participação em Jogos, foi especial e único", comemorou Bruno Lins.

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O Brasil completou a final olímpica do 4x100m no Ninho do Pássaro na quarta colocação, mas a campeã Jamaica foi desclassificada depois, quando a reanálise dos exames antidoping colhidos naquela edição dos Jogos mostrou resultado positivo para o jamaicano Nesta Carter.

No ano passado a Corte Arbitral do Esporte (CAS), também localizada na Suíça, negou a última apelação do time jamaicano e o eliminou da prova, exigindo a devolução das medalhas, incluindo a de Usain Bolt. Com a desclassificação oficial, a equipe de Trinidad & Tobago, herdou o ouro. O Japão passou de terceiro para segundo e o Brasil ficou com o bronze.

Nesta quinta, o quarteto recebeu suas medalhas pelas mãos de Bernard Rajzman, membro brasileiro do Comitê Olímpico Internacional (COI). "É uma sensação maravilhosa, inexplicável, medalha olímpica é diferente de tudo. Fiquei congelado ali em cima na hora de receber a medalha. Essa medalha não é só minha, é do Brasil, da minha família, dos meus treinadores, de todos que estiveram comigo até esse momento", comentou Codó.

Para Vicente Lenílson o sentimento não é novo. Ele já tem uma medalha em casa: a prata em Sydney 2000, também no revezamento 4x100m. "Passou um filme de tudo que tive que fazer de treino, de renúncia, de dedicação, de ausência da família para estar nos Jogos de Pequim. Subir ao pódio olímpico é mágico. Eu estive em 2000, mas hoje não senti diferença dessa sensação. Não é só estar no estádio, é receber o que é seu por direito. Agora, estou num patamar acima. Poucos têm uma medalha olímpica, e menos ainda tem duas", festejou Lenílson.

"Tudo que eu fiz foi me dedicar ao esporte nos últimos 20 anos. Quando saí de Manaus, vendi tudo para me tornar um atleta. Só pensava em fazer o meu melhor todos dias até chegar aos Jogos Olímpicos. Quando tive contato com o universo olímpico, minha vida mudou. De lá pra cá, a única coisa que eu fiz foi cultivar o esporte olímpico da melhor maneira possível, através do meu exemplo de vida. Já era um atleta muito satisfeito, muito realizado com o quarto lugar. E quando veio essa notícia, tudo mudou na minha vida. Veio uma explosão de emoções onde passado, presente e futuro acabaram se misturando", revelou Sandro Viana. 

Esta é a segunda medalha olímpica herdada pelo atletismo do Brasil nos Jogos de Pequim. No revezamento 4x100m feminino, as brasileiras Lucimar Moura, Rosangela Santos, Rosemar Coelho Neto e Thaissa Presti também ficaram com o bronze após a desclassificação da Rússia. As medalhas foram entregues durante o Prêmio Brasil Olímpico de 2017.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.