Sem Doria, Covas assina concessão do Pacaembu por 35 anos
O estádio do Pacaembu será da iniciativa privada pelos próximos 35 anos. O contrato de concessão do complexo, que também tem ginásio, piscina e quadras de tênis, foi assinado na manhã desta segunda-feira (16) no Salão Nobre do Pacaembu, em evento concorrido. Estiveram presentes os presidentes de São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Santos, Portuguesa e Federação Paulista de Futebol (CBF), ex-jogadores como Zetti, Clodoaldo e William Machado.
Foi sentida, porém, a ausência do governador João Doria (PSDB), que se elegeu prefeito em 2016 tendo na privatização do Pacaembu uma das suas bandeiras de campanha. Viajando ao Japão, ele mandou apenas o secretário-adjunto de Esportes, o ex-jogador de basquete Chuí, para representá-lo. Deixou a visibilidade toda para o prefeito Bruno Covas (PSDB).
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"Tem mais gente que reunião de secretariado", brincou Covas, depois de listar os secretários presentes. "Estamos cumprindo uma promessa de campanha. Nunca vi dificuldade tamanha de fazer aquilo que foi prometido. Em 2016 o governador João Doria foi eleito prometendo isso. Aqui não foram poucos os percalços que tivemos que percorrer. Dia 8 de abril de 2017 a prefeitura enviou o projeto de lei solicitando a concessão", lembrou o prefeito.
A partir de hoje (16) e pelos próximos 35 anos o Pacaembu será administrado pelo Consórcio Patrimônio SP, capitaneado pela construtora Progen. O presidente do consórcio e também CEO da Progen, Eduardo Barella, foi quem assinou o contrato e falou em nome do grupo.
"Escutei muito falar que o Pacaembu terá menos jogos. Não, teremos mais jogos. Continuaremos querer recebendo os grandes clubes de São Paulo, o futebol feminino, a Taça das Favelas. Queremos receber aqui para todo o paulistano possa reviver um pouco das suas emoções, como eu, que comemorei um título de Libertadores aqui", disse, para deixar claro que é corintiano.
Como mostrou o Olhar Olímpico ontem, o Pacaembu está sendo concedido em momento de utilização recorde do estádio. Nos últimos 60 dias foram realizadas 20 partidas, principalmente de futebol feminino e de campeonatos masculinos de base. Neste ano já são 46 partidas, contra 40 de todo o ano de 2018 e apenas 22 em 2017, quando foi lançado o processo de concessão do estádio.
Para ficar com o Pacaembu, o Consórcio se comprometeu a pagar R$ 115 milhões como outorga fixa, além de outros R$ 21 milhões como outorga variável. A prefeitura ainda calcula que a concessão vai desonerar os cofres públicos em R$ 212 milhões e pagar R$ 87 milhões em ISS aos cofres municipais. Considerando também investimentos na casa de R$ 220 milhões, o governo Bruno Covas calcula em R$ 656 milhões os benefícios da concessão.
"Muito além dos números a concessão aponta para uma visão do que faz o poder público. Por que a prefeitura precisa investir em novo banheiro do Pacaembu ao invés de completar 12 CEU's. Por que vai deixar de completar os dois hospitais que estamos construindo para construir banheiros do Pacaembu. O papel da prefeitura é cuidar dos mais desamparados. Mas uma coisa tão óbvia assim não foi feita durante muitos anos", disse Covas.
Esta segunda-feira era o último dia possível para a assinatura do contrato pelo consórcio vencedor do edital, que teve 120 dias desde a publicação da convocação para assinatura – este prazo estourava hoje. Segunda colocada do edital, a Universidade Brasil teve seu presidente preso até o fim de semana por fraudes no Fies.
Ainda este mês a prefeitura deve assinar a ordem de serviço. A partir de então, o consórcio tem 30 dias para apresentar seu plano de negócio. Depois de 31 dias, a empresa passa a acompanhar os trabalhos da prefeitura, assumindo-os no 60º dia, ainda de forma supervisionada. No 90º dia o consórcio passa a administrar o estádio sozinho. A expectativa da prefeitura é que isso ocorra em janeiro.
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