Após apagões, manutenção do Pacaembu fica 46% mais cara
Enquanto defende a privatização do Complexo Esportivo do Pacaembu, a prefeitura de São Paulo promove um aumento de quase 50% nos custos de manutenção da estrutura. Em 2016, último ano da gestão de Fernando Haddad (PT) na prefeitura, a manutenção do Pacaembu custou R$ 8,4 milhões aos cofres do município. Em 2018, ano que começou com João Doria (PSDB) como prefeito e terminou com Bruno Covas (PSDB) no cargo, o valor subiu para R$ 12,4 milhões. Um aumento de 46%, relativo principalmente à conta de energia elétrica.
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Os números foram disponibilizados pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, conhecida pela sigla SEME, e levam em consideração também os custos com recursos humanos, que não seriam reduzidos mesmo em caso de concessão à iniciativa privada, uma vez que os funcionários não seriam desligados da prefeitura. Em 2017, a manutenção do complexo esportivo custou cerca de R$ 8,7 milhões, valor próximo ao do ano anterior.
O principal custo relativo ao Pacaembu em 2018 foi de energia elétrica. De acordo com a prefeitura, a soma dos gastos com a Eletropaulo (luz) e a Sabesp (água e esgoto) atingiu R$ 4,1 milhões em 2018, ante R$ 805 mil no ano anterior. Somente o custo com energia ficou perto de R$ 3,5 milhões até novembro. Em nota, a SEME alegou que o aumento foi causado por "intervenções necessárias para solucionar as quedas de energia durante os jogos".
Em março, o clássico entre Santos e Corinthians foi paralisado por uma queda de energia elétrica, a quinta apenas em 2018. Depois disso, a prefeitura e a Eletropaulo entraram em acordo para melhorar a infraestrutura elétrica do estádio, que até então não era adequada à rede elétrica – os clubes que alugavam o estádio precisavam utilizar a força proveniente de geradores.
Também aumentou o gasto com limpeza, de R$ 1,9 milhão para R$ 2,3 milhões. Outro serviço contratado de terceiros que tem peso relevante na planilha de custos do Pacaembu é a vigilância, que custou R$ 2,9 milhões no ano passado, em um aumento de menos de R$ 100 mil na comparação com o ano anterior.
A manutenção do gramado consumiu R$ 575 mil, enquanto que o monitoramento do parque aquático, que tem uma piscina olímpica padrão internacional, custou R$ 476 mil. A folha salarial, porém, ficou um pouco mais barata. Passou de R$ 1,8 milhão para R$ 1,7 milhão.
Arrecadação cai
Ao mesmo tempo que o custo de manutenção subiu, a arrecadação caiu. Em 2017, o complexo arrecadou R$ 2,881 milhões entre aluguel do estádio, das quadras de tênis, e das lanchonetes espalhadas pelo Pacaembu. No ano passado, o valor caiu para R$ 2,050 milhões, menor valor em três anos. Em 2016, a arrecadação foi de R$ 2,441 milhões e, em 2015, de R$ 1,490 milhão.
O complexo vem sendo cada vez mais requisitado pela população, que tem a disposição a pista de caminhada que circunda o campo de futebol, piscina, ginásio e quadras de tênis, uma delas fechada. Esta semana, por exemplo, a secretaria do Pacamebu ficou fechada à população, para que fosse feita uma força-tarefa de confecção de carteirinhas, tamanha a procura.
Recentemente, a prefeitura passou a autorizar que moradores de outras regiões da cidade, que são sócias dos clubes esportivos de seus bairros, também possam utilizar a estrutura do Pacaembu, único dotado de piscina olímpica oficial.
O processo de concessão do Pacaembu à iniciativa privada foi paralisado em agosto pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), quando o governo do Estado reclamou que não havia sido consultado, apesar de ser dono de parte do terreno. O processo só foi destravado em novembro, depois que Doria venceu a eleição para o governo do Estado, derrotando no segundo turno o então governador Márcio França (PSB).
Na semana que vem, João Farias (PRB) se despede do cargo de secretário de esportes, depois de menos de um ano. Ele, que substituiu Jorge Damião em junho, agora será substituído pelo deputado estadual Carlos Bezerra Jr (PSDB), que está em seu último dia de mandato. A troca deverá acontecer na terça (5).
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