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Esporte em São Paulo: PRB troca secretaria municipal por estadual

Demétrio Vecchioli

11/12/2018 04h00

Aildo Rodrigues, presidente do PRB de São Paulo (Bernardo Barbosa/UOL)

O Partido Republicano Brasileiro (PRB) conseguiu um upgrade em São Paulo. Atualmente no comando da secretaria municipal de Esporte (SEME), a partir do dia 1º de janeiro o partido do deputado Celso Russomano, estará à frente da secretaria estadual de Esporte (SELJ). Nas duas pastas funcionários reclamam da falta de continuidade dos trabalhos.

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Ainda que as negociações tenham corrido de forma paralela, independentes, na prática deve ocorrer uma migração de funcionários de confiança da pasta municipal para a estadual. Tanto que um dos nomes que o PRB propôs ao governador eleito João Doria para o comando da SELJ foi o de João Farias, atual secretário da SEME.

Fontes ligadas a Farias afirmam que o nome dele foi vetado por Doria pelo fato de o secretário não ter diploma universitário. O blog não conseguiu confirmar essa versão com o staff do governador eleito, que anunciou na segunda-feira a nomeação de Aildo Rodrigues, presidente municipal do PRB, para ser o secretário da SELJ.

Na quinta, quatro dias antes, Doria havia negado, em entrevista coletiva, a possibilidade de fazer uma nomeação política para a secretaria. Perguntado especificamente sobre a chance de o PRB assumir a SELJ, respondeu: "O tempo do 'toma lá, dá cá' acabou."

Nos últimos anos, as duas secretarias têm sido alvo de barganha política. A SELJ foi comandada pelo PTB por longo período, até 2015, quando o PRB passou a pleitear cargos no esporte. Nomeou ministro (George Hilton) no governo Dilma e secretários em diversos estados, entre eles São Paulo, onde o então vereador Jean Madeira foi escolhido secretário do governo Alckmin.

Futuro secretário de Doria, Aildo foi chefe de gabinete de Madeira durante um ano e acabou demitido, a mando da Casa Civil, depois de ser denunciado por cobrar que os funcionários em cargo de comissão pagassem dízimo ao PRB. Esse foi só um dos escândalos que chegaram até Alckmin, que travou as verbas para a secretaria e, quando teve oportunidade, no limite da descompatibilização para as eleições de 2016, trocou Jean Madeira pelo ex-delegado federal Paulo Maurino.

Maurino foi inicialmente indicado pelo PRB mas, durante sua gestão, levou de volta à SELJ diversos funcionários que haviam trabalhado lá sob a tutela do PTB. O delegado ficou no cargo até maio passado, quando Márcio França (PSB) assumiu o governo estadual e usou a SELJ para acomodar o Pros, que viria a ser um dos partidos da sua coligação eleitoral. O empresário Cacá Camargo, que já havia trabalhado em cargo de confiança do PRB no ministério do Esporte, é o atual secretário.

Na prefeitura, o PTB também teve amplo histórico. Durante a maior parte da gestão Haddad (2013-2016), a SEME foi comandada pelo vereador Celso Jatene. Quando ele precisou se descompatibilizar para concorrer à reeleição, em 2016, a pasta passou a ser comandada por José de Lorenzo Messina, ligado à comunidade italiana da cidade e indicado pelo próprio PTB.

Coube a João Doria, quando assumiu a prefeitura, interromper o trabalho do PTB, nomeando como secretário um jornalista que havia sido um dos seus principais assessores durante a campanha: Jorge Damião. O jornalista ficou no cargo até junho, quando deixou o cargo para trabalhar em mais uma campanha de Doria. Abriu lugar para mais uma acomodação política: João Farias foi nomeado secretário na mesma época em que o PRB confirmava a adesão à chapa tucana.

João Farias, que é irmão do presidente do Água Santa (clube de Diadema) e tem projetos voltados principalmente para o futebol de várzea, vai ficar pouco mais de seis meses no cargo. Nas negociações entre PRB e o prefeito Bruno Covas, ficou acertado que o partido deve assumir a pasta de Habitação. A SEME, assim, teria nova troca de comando. Em 32 meses, vai conhecer seu quinto secretário diferente.

Candidato

Na condição de presidente municipal do PRB de São Paulo, Aildo foi um dos candidatos a deputado estadual nos quais o partido apostou no Estado. O diretório estadual do PRB destinou a ele R$ 935 mil do Fundo Eleitoral, dos quais ele utilizou R$ 730 mil. Chama atenção o fato de a maior parte dos recursos terem sido gastas na contratação de cabos eleitorais. Mais de 450 pessoas receberam, cada uma R$ 1 mil.

Com 14.800 votos, Aildo foi o 253º candidato a deputado estadual mais votado em São Paulo e o nono colocado entre os candidatos do PRB. Como comparação, com um orçamento equivalente, de R$ 901 mil do diretório estadual (e outros R$ 80 mil de outras fontes), o candidato Jorge Xerife do Consumidor, também apoiado por Celso Russomano, teve 177 mil votos.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.