Topo

Olhar Olímpico

Maior revelação do ciclismo brasileiro é pego no doping e culpa mate

Demétrio Vecchioli

04/05/2018 12h09

Resultado de imagem para caio godoy brazil procycling

Parece notícia velha, mas não é. Mais um importante ciclista brasileiro foi suspenso por doping e, de novo, um atleta da Funvic – o sétimo em dois anos. Trata-se de Caio Godoy, considerado o mais promissor entre os jovens ciclistas de estrada do país, que foi suspenso pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC). A entidade, que publicou a suspensão em seu site, não informou o motivo do gancho.

Em entrevista ao site da revista Bikemagazine, Caio contou sua versão. Disse que, durante a Volta do Uruguai, em abril, tomou um mate com uma garota que conheceu por lá. Não sabia que, segundo ele, a bebida estava misturada com folhas de coca e de maconha.

"Na hora eu me senti mal e vi que havia algo errado, eu não sabia, achei que estava tomando somente erva-mate, como é o costume no Uruguai. A garota, que não é do meio do ciclismo, não sabia que aquilo poderia me prejudicar. Exatamente no dia seguinte fui chamado para fazer o exame e depois fui avisado de que teste tinha dado positivo por causa das folhas de coca", completou o ciclista.

Leia também: Ouro em 2008, queniano é pego no doping e diz ter sido vítima de extorsão

Caio, de 23 anos, é o atual bicampeão brasileiro de estrada na categoria sub-23. Tido como grande promessa do país, recebeu apoio da CBC e da União Ciclística Internacional (UCI) para passar três temporadas no Centro Mundial de Ciclismo da UCI em Aigle, na Suiça. Apesar de ter participado de quatro Campeonatos Mundiais, não conseguiu uma equipe na Europa e voltou ao Brasil em 2017, para defender a Funvic.

Antes dele, em abril, a UCI informou a suspensão de Roberto Pinheiro da Silva, o Betinho, atual campeão brasileiro de estrada, aparentemente por falhas em seu passaporte biológico. Depois disso, a CBC decidiu revogar a convocação para o Campeonato Pan-Americano, que está acontecendo esta semana na Argentina, vetando a participação de qualquer atleta da Funvic. Caio, agora também suspenso por doping, foi um dos afetados pela decisão.

A situação do ciclismo de estrada do Brasil é tal que, dos quatro primeiros colocados do Brasileiro de 2016, três estão suspensos por doping: Betinho foi terceiro, logo atrás de Kleber Ramos, suspenso por quatro anos após ser flagrado na Olimpíada, e à frente de Alex Diniz, também pego pelo passaporte biológico e suspenso por oito anos. Agora, é o campeão sub-23 que cai no doping. Naquele ano, nenhum exame antidoping foi colhido durante a competição.

Histórico

Em abril do ano passado, o Olhar Olímpico mostrou que o Brasil era o campeão mundial de casos de doping no ciclismo. E, desde então, a situação só piorou. Na lista da UCI aparecem suspensos Kleber Ramos (até 2020), João Marcelo Pereira Gaspar (até 2020), Alex Diniz (2025), Isabella Lacerda (2021), Josemberg Pinho (atleta paraolímpico, até 2019), Everson Camilo (2020), Raphael Mendes (2019), Mariano Nascimento (2020) e Cleberson Weber (2023).

A lista da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) tem Walter Henrique Serrou Pimentel, Antonio Xavier Nascimento, Luciano da Rosa (os três aguardam julgamento, mas não estão suspensos), Elton Pedroza da Silva, Izael Nunes, Anelise Rocha Assumpção, Erick Bruno Rodrigues dos Santos e  Cyro Jeker dos Anjos, todos suspensos provisoriamente. Desses, só Antonio Xavier é atleta de ponta.

Já entre os suspensos definitivamente pela ABCD estão Alex Arseno (até 2023), Everson Camilo (2020), Carlos Manarelli (2019), David Silva (2021), Verinaldo Pereira (2023), Ricardo Ortiz (2024) e Silvana Pinto (2019). E não acabou: ainda tem as suspensões aplicadas pela CBC: Uênia Fernandes (2019), Ricardo Andrei Ortiz (2020).

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.