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Olhar Olímpico

Flavinha e Jade lideram ginástica brasileira em busca de vaga olímpica

Demétrio Vecchioli

05/10/2019 04h00

Jade Barbosa e Flávia Saraiva (reprodução/Instagram)

A ginástica artística feminina do Brasil vive hoje (5) o dia mais importante do ciclo olímpico. Neste sábado, sem poder contar com sua principal atleta, a equipe brasileira sobe ao tablado da arena de Stuttgart (Alemanha) para tentar terminar entre as 12 primeiras da fase de classificação do Mundial e conquistar uma das vagas por equipes para os Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano que vem.

É alta a probabilidade de que a meta seja alcançada. Não só porque o Brasil foi quinto colocado nesta mesma etapa do Mundial do ano passado, mas também porque equipes que poderiam surpreender fizeram apresentações abaixo do nível em que o Brasil costuma competir. EUA, Rússia e China, que subiram ao pódio no Mundial passado, já estão classificados. Mas a situação não é tranquila, principalmente por conta das lesões de Rebeca Andrade e Lorraine Oliveira. Jade Barbosa e Flávia Saraiva, melhores amigas, serão fundamentais.

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A fase de classificação feminina do Mundial é dividida em 12 rotações, que acontecem ao longo de dois dias. Na sexta (4), a China foi a melhor, com 169,1 pontos. França (166,7), Canadá (162,9), Alemanha (161,8) e Bélgica (161,2) mostraram que devem estar entre as nove classificadas para a Olimpíada. No sábado se apresentam as outras cinco equipes mais bem cotadas: Japão (sexto em 2018), Brasil (sétimo), Grã-Bretanha (nona), Holanda (décima) e Itália (12ª), além de EUA e Rússia.

A maioria dos times que correm por fora já se apresentaram e não impressionaram. Desse grupo, que inclui Ucrânia, Coreia do Sul, Coreia do Norte e Romênia, quem foi melhor foi a Austrália, que somou 157,945 pontos. A não ser que Hungria ou Espanha façam uma prova muito acima do que estão acostumadas (ambas somaram na casa de 152 pontos no último Mundial), 158 pontos deve ser essa a linha de corte.

Para o Brasil é um cenário viável, mas ainda assim arriscado. Com Rebeca Andrade longe da melhor forma, a equipe brasileira chegou a flertar com medalha no ano passado. A atleta do Flamengo abriu o ano voando, competindo em nível para brigar por todas as medalhas possíveis no Mundial, mas no aquecimento para o Campeonato Brasileiro sofreu a terceira lesão de ligamento cruzado anterior do joelho em quatro anos. Teve que operar e virou desfalque para o Mundial, ainda que esteja na Alemanha acompanhando a equipe.

Sem ela, a responsabilidade recai principalmente sobre Jade Barbosa e Flávia Saraiva, que devem pontuar para o Brasil nos quatro aparelhos (nesta fase, quatro ginastas de cada país se apresentam em cada aparelho, valendo as três melhores notas). Jade, que está com 28 anos e é de longe a mais experiente do grupo, sentiu uma lesão na véspera dos Jogos Pan-Americanos e acabou poupada de competir em Lima pensando no Mundial. Além delas, Thais Fidélis também se apresenta nos quatro aparelhos.

Jade chega inteira para o Mundial, mas Lorrane Oliveira, que em tese seria o quarto nome da equipe, não. Com uma lesão no pé, ela só competiu nas paralelas no Pan e, em Stuttgart, também só estará neste aparelho. Para piorar, Carolyne Pedro sofreu lesão no tornozelo direito na segunda (30) e precisou ser cortada. Foi substituída por Letícia Costa, inicialmente convocada para ser reserva. As duas têm nível parecido – tanto que empataram em pontuação no Campeonato Brasileiro, em agosto.

"Nosso objetivo nesta competição é a classificação para as Olimpíadas. Neste momento, temos duas atletas importantes que não estão participando completamente. Não será fácil, mas vamos fazer o máximo para conquistar nosso objetivo e estarmos presentes nos Jogos Olímpicos", afirmou o técnico Valeri Liukin.

O sorteio colocou o Brasil para participar da última rotação, junto com os Estados Unidos. Isso significa que a equipe brasileira saberá exatamente quantos pontos precisará fazer para conseguir a vaga olímpica, podendo optar por apresentações mais conservadoras, se necessário.

Sem Rebeca, a esperança de medalha para a ginástica feminina do Brasil neste Mundial parece se reduzir ao solo de Flávia Saraiva. Ela tirou 13,900 em sua melhor apresentação no Pan e, no primeiro dia do classificatória em Stuttgart, só a francesa Melaine dos Santos foi melhor do que isso.

Caso tudo dê errado e o Brasil não consiga a vaga olímpica por país, ainda assim essas mesmas ginastas ainda podem ir a Tóquio, mas sem que o pais tenha direito de competir por equipes. Valem vagas olímpicas a final do individual geral (que poderia classificar Flavinha e Jade), as três primeiras posições entre atletas elegíveis (tirando os que têm vaga por equipes) nas finais por aparelhos do Mundial e o Pré-Olímpico continental do ano que vem, em maio, quando Rebeca em tese poderia competir.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.