Topo

Olhar Olímpico

Principal ciclista brasileira de estrada é suspensa por doping

Demétrio Vecchioli

21/12/2018 14h50

Flávia Oliveira (divulgação)

O ciclismo brasileiro, que já é campeão mundial em casos de doping, sofreu mais um duro golpe. A principal ciclista de estrada do país, Flávia Oliveira, testou positivo para higenamine, um composto químico usado para queima de gordura, e foi provisoriamente suspensa pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD). O exame foi colhido em junho, durante o Campeonato Brasileiro.

+ em maio: Maior revelação do ciclismo brasileiro é pego no doping e culpa mate
+ em abril: Mais um campeão brasileiro de ciclismo é suspenso por doping

O caso pode ser o fim da linha para Flávia, de 37 anos, que é reincidente. Em 2009, ela também foi pega em exame antidoping, por uma anfetamina. Alegou que havia consumido a substância inconscientemente, em um suplemento contaminado, e conseguiu reduzir a suspensão de 24 para 18 meses.

Baseada nos Estados Unidos, onde estudou, reconstruiu a carreira no pelotão profissional, sendo a única brasileira que chegou tão longe, firmando-se na elite. Na melhor fase da carreira, foi a melhor montanhista do Giro Rosa (verão feminina do Giro D'Itália) e sétima colocada na Olimpíada do Rio. Atualmente, é a número 128 do ranking mundial, expressivamente à frente de qualquer outra brasileira – Camila Coelho é a 363ª.

A suspensão de Flávia afunda o ciclismo brasileiro de estrada ainda mais no buraco. Em abril, a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) simplesmente cancelou a convocação que havia feito para o Campeonato Pan-Americano, para proibir que qualquer atleta da Funvic, única equipe profissional brasileira, defendesse a seleção. O time acumula diversos casos de doping.

No primeiro semestre, a Funciv teve três atletas suspensos por doping pela União Ciclística Internacional: Roberto Pinheiro da Silva, o Betinho, então campeão brasileiro adulto, Caio Godoy, então bicampeão brasileiro no sub-23 e André Almeida, 19º no Brasileiro do ano passado – este dois últimos foram suspensos por quatro anos.

Recentemente, a lista de suspensos ganhou mais um nome: Murilo Affonso, um dos atletas que foi desconvocado do Pan-Americano apesar de até então nunca ter sido suspenso por doping. Agora, ele está afastado ao que tudo indica por alterações no seu passaporte biológico.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.