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Prefeitura fechou piscina do Pacaembu para Doria jogar 'pelada' no estádio

Demétrio Vecchioli

18/12/2019 04h00

Frequentadores da piscina do Pacaembu tiveram que ir embora para casa ao meio-dia de um dos primeiros sábados de sol da temporada. O fechamento é previsto em dias de jogos no estádio, mas desta vez os comunicados da direção, feitos em papel sulfite e colados nas partes, explicavam apenas que o motivo era um "evento". A partir de reportagem do Olhar Olímpico publicada ontem, eles descobriram que o tal evento era uma "pelada" de fim de ano entre Doria e seus aliados.

Para que o bate-bola pudesse ocorrer no fim da tarde – a agenda do governador previa a atividade entre 17h30 e 18h30 -, todo o complexo esportivo foi fechado às 12h. Isso inclui a piscina, única de tamanho olímpico aberta à população na cidade, as quadras de tênis e o ginásio. Mas também a pista de caminhada que rodeia o gramado do estádio.

Em nota ao Olhar Olímpico, a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer disse que a administração do Complexo do Pacaembu "tem por norma de segurança fechar as piscinas nos dias de eventos no campo, sejam eles públicos ou privados". "O horário de fechamento das piscinas nesses casos é determinado pela administração do Complexo, que comunica os usuários com antecedência", continuou.

A prefeitura diz que não realiza contagem dos usuários presentes no momento do encerramento do funcionamento da piscina. Por isso, não sabe dizer quantas pessoas foram impactadas pelo empréstimo do estádio ao governador, que não pagou pelo aluguel do campo. Da mesma forma, a prefeitura diz que também não calculou quanto custou a operação do estádio durante a pelada.

Oficialmente, a locação foi da SEME ao governo do Estado, para a realização do 'Futebol Solidário", que arrecadou cestas básicas para o Fundo de Ação Social, presidido pela primeira-dama Bia Dória. Mas em vídeo publicado nas suas redes sociais, o governador aparece, ao lado de diversos aliados, fazendo o 'V' lateral com os dedos, símbolo de sua campanha à prefeitura. Quando era candidato, ele chegou a ir ao Pacaembu e posar fazendo o 'V'.

O Olhar Olímpico questionou o governo sobre o gesto, via assessoria de imprensa, mas não recebeu resposta. Em nota, o governo apenas negou que o jogo tenha sido com "aliados". "Foi uma confraternização beneficente, com objetivo de arrecadar cestas básicas e todos os 645 prefeitos do Estado foram convidados". Só um que não do grupo político de Doria apareceu, o prefeito de Atibaia, Saulo Pedroso (PSB). A assessoria do Palácio dos Bandeirantes ainda citou um deputado do Novo como não sendo um "aliado".

Privatizar o Pacaembu foi uma promessa de campanha de Doria, que alegava que o complexo esportivo é deficitário – dá mais custos que receita. O processo de concessão, porém, foi tocado pelo seu antigo vice, o agora prefeito Bruno Covas (PSDB). Até a véspera do Natal o Pacaembu é público. Depois disso, ele passa a ser administrado meio a meio por prefeitura e Consórcio Patrimônio SP. A privatização será efetivada no dia 25 de janeiro, data da final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, marcada para acontecer no estádio.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

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Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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