Técnico do Brasil na Rio-2016 é banido por suspeita de abuso sexual
Demétrio Vecchioli
21/11/2019 11h46
George Morris (divulgação/COB)
Considerado uma "lenda" do hipismo, o treinador norte-americano George Morris foi banido do esporte para toda a vida nos Estados Unidos. Treinador da equipe brasileira de saltos nos Jogos do Rio e responsável por deixar Rodrigo Pessoa fora da última Olimpíada, Morris foi punido com base em denúncias de que ele abusou sexualmente de menores de idade nos anos 1960 e 1970.
O banimento foi tornado público na terça-feira, quando a federação de hipismo dos Estados Unidos julgou uma apelação. Quem acessa o banco de dados da U.S. Center for Safe Sport, centro norte-americano de esporte seguro, encontra que a decisão inicial data da 5 de agosto deste ano por "má conduta sexual envolvendo um menor".
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"Não importa o tamanho de uma figura no esporte ou a idade das acusações, ninguém está acima da responsabilidade. Os atletas e outros participantes do esporte devem ter o poder de defender o que é certo e falar contra o que eles sabem estar errado", argumentou Ju'Riese Colon, chefe-executiva do Center for SafeSport.
Ainda de acordo com ela, o processo foi exaustivo e incluiu muitas disposições para garantir a que tanto a acusação quanto a defesa fosse ouvida plenamente. O comitê não deu detalhes sobre as denúncias, feitas apenas recentemente, para preservar a identidade dos acusadores.
O Olhar Olímpico procurou a Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), que disse não ter qualquer comentário a fazer. Morris foi medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de 1960 como atleta e, depois, treinou também a seleção dos Estados Unidos. Seus atletas ganharam medalhas nos Jogos de 1984, 1992, 1996 e 2004, e com ele os EUA foram campeões olímpicos em 2008 e mundiais em 2006.
Em setembro, ao anunciar que estava novamente à disposição da seleção brasileira, Rodrigo Pessoa fez duras críticas ao trabalho de Morris. "Foi um desastre aquela gestão, um desastre. Agora a gente volta a ter um treinador de verdade, um coordenador de verdade. A gente tem de novo um treinador que é imparcial", reclamou, elogiando o treinador suíço Philippe Guerdat.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.