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Olhar Olímpico

Risco de doping faz Brasil cortar atleta na véspera do Mundial de Handebol

Demétrio Vecchioli

21/11/2019 11h26

Elaine Gomes, à esquerda, com suas colegas de clube que também foram cortadas de suas seleções (reprodução/Instagram)

Um escândalo atingiu o handebol às vésperas do início do Mundial Feminino, que vai ser disputado no Japão. O médico de um clube romeno admitiu ter administrado tratamento proibido no Código Mundial Antidoping para diversas jogadoras da equipe, sendo cinco convocadas para a competição. Uma delas é brasileira: a pivô Elaine Gomes, que foi cortada "preventivamente" da seleção.

O caso se tornou público na segunda-feira (18), quando um jornal romeno revelou que o médico do Corona Brașov havia realizado terapia com laser intravenoso em três jogadoras, sendo duas da seleção romena. No mesmo dia o clube emitiu comunicado afirmando que o tratamento "não era para aumentar o desempenho esportivo, mas para melhorar a recuperação em tratamento médico por fadiga".

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Não demorou para a imprensa especializada encontrar outras atletas também beneficiadas pelo tratamento proibido, sendo mais duas da seleção romena, uma atleta de Montenegro e a brasileira Elaine. Na terça-feira, o técnico da Romênia cortou as quatro atletas envolvidas, deixando claro que poderia reconvocá-las caso se comprove que não há risco de elas caírem no doping.

Montenegro foi pelo mesmo caminho e retirou Ivona Pavićević do grupo. Nesta quinta-feira, a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) tirou Elaine da lista de jogadoras à disposição do técnico Jorge Dueñas. De acordo com a entidade, a pivô foi cortada e deve retornar ao Brasil, para evitar o risco de ser relacionada para exame antidoping e acabar suspensa.

"O clube da atleta, o Corona Brasov, da Romênia, está sendo acusado de ter realizado em diversas de suas jogadoras um procedimento não aprovado pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês). Até o momento, apenas três atletas do Brasov foram notificadas pela Wada pelo uso do laser intravenoso. A CBHb está acompanhando o caso e dando todo o suporte à atleta que fez parte do elenco campeão do Mundo em 2013", explicou a entidade, em nota.

Campeão em 2013, o Brasil estreia no Mundial no dia 30 de novembro, contra a Alemanha, em Yamaga. A seleção brasileira deu grande azar no sorteio e, na primeira fase, também joga contra Dinamarca, França, Coreia do Sul e Austrália, sendo que só os três primeiros de cada chave avançam. A Coreia é, além do Brasil, a outra seleção não-europeia que faz parte da elite da modalidade.

Nesta quinta, no primeiro amistoso em solo japonês, o Brasil enfrentou a França e perdeu por 33 a 22. No sábado e no domingo, a equipe joga contra Eslovênia e Japão. Por enquanto o elenco está com 17 jogadoras, das quais três ainda precisam ser cortadas. A novidade no elenco é a ala Alexandra, que já foi a melhor do mundo, e que volta a disputar um torneio oficial três anos e meio depois da Olimpíada do Rio – ela teria ido ao Pan de Lima, mas se lesionou. Para o Mundial era aguardada a volta também da goleira Mayssa Pessoa, que não foi chamada.

Confira o elenco do Brasil:

Goleiras: Bárbara Arenhart (Vaci Noi Kezilabda/HUN), Gabriela Moreschi (Fleury Loiret/FRA) e Renata Arruda (Bera Bera/ESP);

Pontas: Adriana de Castro (Bera Bera/ESP), Ana Cláudia Bolzan (Pinheiros/BRA), Alexandra Nascimento (Érd HC/HUN), Larissa Araújo (CSU Cluj Napoca/ROM) e Mariana Costa (CS Gloria Bistrit Nasaud/ROM);

Centrais: Ana Paula Belo (Rostov/RUS), Bruna de Paula (Fleury Loiret/FRA) e Patrícia Machado (MKS Zaglebie Lubin/POL);

Armadoras: Deonise Fachinello (Bourg de Péage/FRA), Eduarda Amorim (Gyori Audi Eto KC/HUN), Jaqueline Anastácio (Magura Cisnadie/ROM) e Samara Vieira (SCM Ramnicu Valcea/ROM);

Pivôs: Isaura Menin (Rincón Fertilidad Malaga/ESP) e Tamires Araújo (HC Dunãrea Brãila/ROM).

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.