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Como Augusto deixou Thiago para trás e virou o melhor brasileiro na vara

Demétrio Vecchioli

02/07/2019 04h00

Augusto Dutra no Troféu Brasil 2018 (Wagner Carmo/CBAt)

Há um brasileiro entre os 10 melhores do salto com vara em 2019, mas ele não é Thiago Braz. Após três anos sem se encontrar, Augusto Dutra está de volta à melhor fase, perto de completar 29 anos. Ainda que seja o antigo amigo a receber a maior parte das atenções do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), é Augusto quem chega aos Jogos Pan-Americanos em melhores condições de ganhar a medalha de ouro.

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"Não tem como falar que eu não me sinto um pouco desprestigiado, mas passo a passo estou reconquistando o meu espaço. Acredito que logo estarei de volta e olharão melhor pra mim", disse, ao blog, o saltador que ocupa o 10º lugar do ranking mundial.

Ele tem uma história parecida com a de Thiago Braz, um dos 12 atletas empatados em 14º lugar. Também surgiu em Marília (SP) e se mudou para São Caetano do Sul, no ABC Paulista, para treinar com o técnico Elson Miranda. Em 2013, chegou a estabelecer o recorde sul-americano, 5,82m, mas logo foi superado por Thiago. Na temporada de 2016, o mais jovem voou, para ser campeão olímpico com 6,03m. E Augusto ficou no caminho, sem avançar à final olímpica.

Mais do que isso: entre agosto de 2015 e março deste ano, Augusto só saltou acima de 5,60m uma vez, em 2016. "Depois de 2016, eu troquei de treinador e meu resultado caiu muito. A partir do momento que entrei para o Pinheiros, comecei a usar a estrutura daqui e a treinar com o Henrique, meu atual técnico, e meu resultado explodiu. Voltei melhor que antes e com certeza é um recomeço melhor", avalia.

O treinador é Henrique Camargo que, mesmo aos 41 anos, continua saltando – é hoje o sexto do ranking nacional. Antigo atleta de Elson Miranda e do ucraniano Vitaly Petrov, reconhecidamente dois dos melhores técnicos do mundo de salto com vara, Henrique desenvolveu seu próprio método de trabalho e aplicou em Augusto. Vem dando certo.

"Ele tem uma certa noção de quem já treinou com o Vitaly e com o Elson, e conseguiu unir os dois, construindo uma linha americana, brasileira e ucraniana, além de ter acertado um detalhe simples que eu estava errando muito e tinha passado desapercebido, que é a questão da corrida. Eu sou um cara muito veloz e me perco no meio do caminho. O Henrique usou uma sequência de cones em que eu sei onde eu estou em cada passada. Agora eu não perco mais nenhum salto, consigo saltar frequentemente. Isso me trouxe de volta e tem dado muito certo", explica.

Desde o fim de março, Augusto participou de cinco provas. Fez três bons resultados (5,75m e duas vezes 5,71m) e uma atuação modesta (5,61m). Como comparação, Thiago Braz, desde o fim de 2016, em competições ao ar livre, tem um 5,70m e um 5,71m, e só. Nas duas vezes que eles competiram entre si este ano, no GP Brasil e no Sul-Americano, Augusto levou a melhor.

O saltador, porém, sabe que pode muito mais. "Em treino tenho conseguido me desenvolver muito mais, estou saltando 5,80m e 5,90m. As provas que eu fiz na Europa já eram pra ter saído (um salto mais alto), mas peguei muita chuva, muito vento, teve competição cancelada e fui sem vara. Tive que pegar vara emprestada, sem confiança, nunca tinha visto o implemento, mas tive que pegar", relata.

Até os Jogos Olímpicos de Tóquio, ele quer ir além. "Preciso alcançar a meta de 5,90m e arriscar 6m, que acredito ser algo real. Tenho passado dos 5,90m nos treinos, então para a competição é só arrumar alguns detalhes."

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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