Com nome de herói, Logan Wolverine busca convocação para o Pan
Demétrio Vecchioli
20/06/2019 04h00
Logan Wolverine, da seleção brasileira de polo aquático (Lulu Moraes Photos/cortesia)
Buscando tirar seu passaporte, certo dia o marcador de centro da seleção brasileira de polo aquático entregou seus documentos a um funcionário da Polícia Federal, que leu seu nome em voz alta e não fez nenhum comentário. Não deu uma risadinha, não perguntou por que, não esboçou reação, não se impressionou.
Logan Wolverine lembra bem daquele dia. Foi a primeira vez que seu nome passou desapercebido, talvez porque o funcionário esteja acostumado a lidar com a criatividade de pais na hora de escolherem como seus filhos vão se chamar.
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Normalmente, o que acontece é o contrário. E segue um padrão. "A pessoa pergunta se é por causa do personagem e eu digo que sim. Aí pergunta quem era fã, meu pai ou minha mãe. Eu digo que meu pai era muito fã de gibi, que gostava muito do personagem. Minha mãe gostou, achou o nome bonito", explica Logan Wolverine ao blog – e, agora, também ao leitor, que matou sua provável curiosidade.
Importante destacar que o nome do jogador não é nem Logan, nem Wolverine. É Logan Wolverine (de Oliveira Cabral). "É um nome próprio composto. Igual tem João Vitor, por exemplo", compara Logan Wolverine que, diferentemente do pai, não é fã de gibi – até porque a mãe não aguenta mais os gibis pela casa.
O jogador prefere os desenhos, também de super-heróis. "Nunca fui criança de ver Xuxa. Gostava de ver um programa que passava um desenho maneiro da Marvel, alguns da DC. Sempre gostei de desenho de super-herói e gosto do Wolverine", ele explica. Nunca, porém, se vestiu de Wolverine. Diz que não não se parece com o personagem.
Com 1,90m e quase 100kg, Logan Wolverine tem a mais ingrata função do polo aquático. O marcador de centro é quem se acotovela com o gigante do time rival. Nesta primeira fase de treinos da seleção, que começou na segunda (17), o técnico Ricardo Azevedo conta com três jogadores dessa posição, num total de 18. Na sexta (22) o treinador faz cortes e deve deixar o elenco com 13. Depois, só 11 vão aos Jogos Pan-Americanos, que valem vaga olímpica.
A convocação é apenas a terceira da carreira de Logan Wolverine, que está com 24 anos. Ele chegou a ser chamado para o Mundial de 2017, mas não conseguiu tirar passaporte a tempo. Este ano, ajudou a seleção ser campeã da Copa Uana, uma espécie de campeonato pan-americano.
No polo aquático desde 2008, quando um coordenador do Botafogo foi até sua escola apresentar a modalidade, Logan Wolverine hoje defende o Fluminense. Nesse meio tempo, também passou pelo Paulistano, de São Paulo.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.