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Semenya bate recorde em Doha em última prova antes de proibição

Demétrio Vecchioli

03/05/2019 14h26

Caster Semenya faz sua última prova antes da proibição (Karim JAAFAR / AFP)

O Estádio Nacional de Doha viu, nesta sexta-feira (3), aquela que pode ser a última prova de uma das mais vitoriosas atletas de sua geração. Com direito a recorde da etapa qatariana da Diamond League, Caster Semenya venceu com folga a prova de 800m para mulheres e comemorou com raiva, jogando para a torcida o buquê recebido pelo triunfo. A partir de sábado (4), ela está proibida, na prática, de competir.

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Na quarta (1), a Corte Arbitral do Esporte (CAS) anunciou seu veredicto para o conflito entre Semenya e a Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF). A corte máxima do esporte deu razão à entidade internacional, acatando a regra que exige que as mulheres que desejem correr a prova de 800m tenham um teto de 5 nmol/l de testosterona no sangue. A CAS recomendou que a IAAF revisse a validade dessa regra para os 1.500m, o que a federação já disse que não o fará.

Semenya naturalmente produz testosterona acima desse nível e, desde que apareceu com destaque no cenário internacional em 2009, tem seus resultados contestados. A sul-africana se recusa a passar por tratamento hormonal, que nesta sexta-feira (3) a Associação Médica Mundial (WMA), uma espécie de sindicato de médicos do mundo todo, disse ser antiético. A entidade recomendou que os médicos não ministrem esse tratamento, exceto em casos de patologia.

A exigência do controle hormonal passa a valer no sábado. Assim, tão logo saiu a decisão da CAS, os organizadores da etapa de Doha da Diamond League anunciaram a inscrição de Semenya para a prova desta sexta. O evento é o primeiro do ano no principal circuito do atletismo mundial.

Provando seu altíssimo nível, Semenya venceu com 1min54s98, novo recorde do meeting e também melhor marca da temporada. Como o resultado não será invalidado, tudo indica que ela siga na liderança do ranking pelo resto do ano.

A segunda colocada da prova foi Francine Niyonsaba, do Burundi, prata na Rio-2016 e no Mundial de 2017, que recentemente revelou que também apresenta altos níveis de testosterona em seu organismo. Ela também fica proibida de competir a partir de sábado. Se quiser continuar disputando as provas de 800m, precisará passar por uma quarentena de seis meses de tratamento, perdendo o Mundial, que vai acontecer exatamente em Doha.

Especula-se que outras atletas de destaque na prova dos 800m também precisem passar por tratamento. Como não havia proibição e os resultados dos exames antidoping não são públicos, é impossível afirmar quais corredoras serão impedidas.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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