Justiça determina que baiano reassuma confederação de surfe
Demétrio Vecchioli
28/01/2019 19h10
Guilherme Pollastri (esq.) e Adalvo Argolo (dir.), durante visita ao Instituto Gabriel Medina
O baiano Adalvo Argolo é, de novo, o presidente da Confederação Brasileira de Surfe. Na última quinta-feira (24), a desembargadora Daniel Maranhão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, reformou a decisão liminar que havia decidido pelo seu afastamento, em benefício ao vice-presidente Guilherme Pollastri.
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"Tenho sido vítima de ataques, causados, na sua maioria, pela desinformação das pessoas. E parte desta falta de informação tem origem na ausência de uma comunicação mais frequente e eficaz com o público em geral. Pretendo melhorar esta comunicação daqui para frente", comentou Argolo, em nota.
Pollastri ficou no poder por cerca de 40 dias, dos quais a maior parte desse tempo lutou na Justiça para conseguir acesso aos documentos da confederação, que tem sua sede em Salvador. A exata localização da entidade, aliás, é tema polêmico. Ela não atuava no endereço informado em seu site e o oficial de Justiça que procurou lá por Argolo não o encontrou. O baiano acabou afastado a revelia – sem conseguir se defender.
Ele é acusado de má gestão dos recursos públicos transferidos pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) desde o começo do ano passado. O Olhar Olímpico mostrou que a confederação chegou a usar essa verba para pagar, à esposa de Argolo, pelo aluguel da sala onde agora está instalada.
No despacho em suspendeu o afastamento de Argolo, a desembargadora rejeitou a tese de que há interesse da União na questão, o que anula a competência do tribunal do Distrito Federal para julgar o caso – a confederação fica na Bahia e, o COB, no Rio. Além disso, ela considera que, como o Ministério do Esporte já suspendeu a certificação da CBSurfe, há "aparente desnecessidade de judicialização dessa pretensão".
Depois da decisão, Adalvo lançou comunicado à comunidade pregando por união e fazendo um mea culpa. "O surfe brasileiro precisa se unir. A expectativa da comunidade é muito grande e a CBSurfe conta com a contribuição de todos que desejam ajudar. O cargo de presidente demanda muitas responsabilidades e eu aprendi bastante durante os últimos meses. Eu estou disposto a ouvir a opinião de todos e aberto a implementar as melhores ideias e projetos. Sinceramente eu espero contar com a ajuda daqueles que desejam o melhor para o surfe brasileiro. Minha intenção é profissionalizar a gestão da CBSurfe, pois não há outro caminho além da sua profissionalização. Eu não tenho a intenção de centralizar o poder. Nem de me perpetuar na presidência da CBSurfe. Mas vou defender o direito de cumprir o mandato para o qual eu fui eleito."
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
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Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.