Aos 31 anos, Joanna Maranhão anuncia aposentadoria da natação
Demétrio Vecchioli
27/07/2018 13h59
Joanna Maranhão festeja mais um recorde sul-americano (Satiro Sodré/SSPress/CBDA
Chegou ao fim a carreira de uma das principais atletas brasileiras deste século. Nesta sexta-feira, a nadadora Joanna Maranhão revelou que, aos 31 anos, está encerrando sua trajetória de nadadora de alto-rendimento. A partir de agora vai se dedicar ao seu projeto social e ao seu espírito materno.
"Após muito tempo de terapia, percebi como minha relação com a infância é muito forte. Seja em relação aos meus sobrinhos, ao meu projeto, ou à ideia de ser mãe. Isso faz meu coração bater mais forte do que como atleta em alto rendimento", explicou, em entrevista por telefone ao Olhar Olímpico.
Joanna chegou a se aposentar no início de 2014, mas voltou às piscinas no fim daquele ano, renovada. Deixou-se abalar menos pelas brigas com a diretoria da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e entregou os melhores resultados da carreira.
A nadadora, recordista brasileira em mais de uma dezena de provas (contando piscinas longa e curta), já estava sem competir desde o fim do ano passado. Na virada da temporada, não renovou com a Unisanta, depois de o clube de Marcelo Teixeira contratar como gestor o ex-diretor da CBDA Ricardo de Moura, seu desafeto.
Sem clube, aceitou o convite para participar de um reality show de dança na Record e não disputou o Troféu Brasil. Naquele momento, já projetava se aposentar ainda em 2018. Depois da participação no Dancing, engravidou. O plano passou a ser disputar o Troféu José Finkel em agosto, mesmo grávida, e em 2019 decidir se ainda tinha gana para tentar disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio.
Mas, no mês passado, Joanna sofreu um aborto natural que a abalou. "Voltei a lidar com a depressão", contou ao blog. Por isso, diz ela, nadar o Finkel como uma espécie de despedida deixaria para ela uma "última lembrança" triste da natação. Achou melhor, então, parar por aqui mesmo, apesar de saber que, se quisesse, teria totais condições técnicas de ir a Tóquio.
Os planos para o futuro incluem seu projeto social em Belo Horizonte, que atende crianças, e o "sonho" de ser mãe. "Eu não tenho colocar a maternidade como projeto porque quando você passa pelo que eu passei, você se percebe muito impotente. É diferente de colocar seu corpo para um objetivo de uma competição. Você é morada e a natureza que faz isso. Não é um projeto, é um sonho. Tenho que pensar na minha transição de carreira" explicou.
Joanna, que é filiada ao PSOL, fez questão de negar que vá ser candidata a qualquer cargo nas eleições de outubro. Antes dela, seu marido, Luciano Corrêa, também havia anunciado sua aposentadoria, em dezembro do ano passado. O agora ex-judoca trabalha no Minas Tênis Clube e foi técnico da seleção brasileira nos Jogos Sul-Americanos.
Joanna Maranhão encerra a carreira como recordista sul-americana dos 200m borboleta, dos 200m costas e dos 200m medley em piscina longa. Ela ainda é recordista brasileira dos 400m e dos 800m livre e dos 400m medley. Na piscina curta, ela é recordista nacional dos 100m, 200m e 400m medley, 200m costas e 200m borboleta.
Dona de oito medalhas pan-americanas, a nadadora teve o auge da carreira em Atenas-2004, quando foi quinta colocada na final dos 400m medley, aos 17 anos, quebrando um jejum de 68 anos sem uma brasileira numa final olímpica da natação. Desde então, porém, teve que lidar com a pressão para superar aquele resultado. Em termos de tempo, só foi melhorar sua marca dos 400m medley em 2015, já na fase mais "leve" de sua carreira.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
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Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.