Temer ficou "desconfortável" depois de entender dano ao esporte, diz Marun
Demétrio Vecchioli
12/07/2018 13h37
(Valter Campanato/Agência Brasil)
O governo admitiu, nesta quinta-feira (12), que falhou ao medir as consequências, para o esporte e para a cultura, da MP 841, editada no dia 11 do mês passado. Em entrevista à imprensa, reproduzida pela Agência Brasil, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que o presidente Michel Temer ficou "desconfortável" ao saber do impacto da medida.
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"O presidente [Michel Temer], ao tomar conhecimento maior das consequências daquela medida, ficou desconfortável com a redução nos recursos previstos para o esporte e para cultura", afirmou o ministro. "É absolutamente provável que isso seja reavaliado".
Como havia publicado o Olhar Olímpico na quarta, Marun confirmou que o Palácio do Planalto está fechando uma posição sobre o assunto com a área econômica. "Agendei para amanhã (sexta) uma reunião com os ministros das áreas para que a gente possa apresentar uma solução que contemple as necessidades de todos os setores", completou.
A tendência é que o governo apresente aos ministros do Esporte e da Cultura uma proposta para reverter a MP 841, que modificou a destinação de recursos das Loterias Federais. De forma geral, o esporte perdeu mais de meio bilhão de reais ao ano. Essa verba, como mostrou o UOL está sendo utilizada para aumentar a premiação das loterias, especialmente a Mega Sena.
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Dois dias antes da publicação da MP, o Olhar Olímpico revelou que o governo planejava mexer no dinheiro que ia das loterias para o esporte, sem consultar o setor ou mesmo o ministério. Só depois de a MP ser editada, no dia 11 do mês passado, é que as entidades prejudicadas se mexeram e conseguiram mostrar ao governo o impacto da medida, retirando verbas especialmente do esporte escolar e de base.
Quando anunciou a MP, Marun fez questão de dizer que estava retirando uma gordura excedente no orçamento do esporte, causada pela Copa e pela Olimpíada. Mas, na verdade, as verbas retiradas do setor nada tinham a ver com os mega-eventos e existiam desde antes de o Brasil ser escolhido como sede de ambas as competições.
Após a publicação da MP, confederações e comitês se organizaram junto com clubes. A medida foi duramente criticada pelo ex-ministro Leonardo Picciani (MDB-RJ), que é do mesmo partido de Temer e disse que o presidente fez uma "trapalhada". Já o ministro Leandro Cruz apontou que o esporte foi jogado para escanteio pela presidência.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
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Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.