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Grupos rivais tentam 'melar 'eleição na CBDA na Justiça

Demétrio Vecchioli

25/05/2017 04h00

Cyro Delgado, candidato a presidente da CBDA

Faltando pouco mais de duas semanas para a eleição da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), a realização do pleito continua incerta. Grupos rivais, com argumentos opostos, entraram na Justiça para tentar melar o pleito, que está marcado para o próximo dia 9 de junho, no Rio de Janeiro. Vale lembrar que a eleição deveria ter acontecido em 18 de março, mas já foi adiada pela Justiça.

Isso ocorreu, à época, porque a Comissão de Atletas, que teria direito a 1/6 de voto em um colégio eleitoral que ainda continha 27 federações, foi formada não por votação direta dos atletas, mas por nomeação feita pelo então presidente da CBDA, Coaracy Nunes. Joanna Maranhão e outros atletas entraram na Justiça, que determinou a suspensão da eleição presidencial até que os atletas escolhessem seus representantes. Como o mandato de Coaracy venceu, um interventor judicial, Gustavo Licks, foi nomeado.

Agora, Cyro Delgado, candidato que disse ao Olhar Olímpico ser um representante de Ricardo de Moura, ex-braço direito de Coaracy e detido em Bangu 8, ingressou com ação para contestar essa decisão judicial. Apresentando-se logo de cara como medalhista olímpico (bronze no revezamento 4x200m em 1980), ele reclama do fato de os atletas terem direito a um voto num colégio eleitoral agora formado por 27 federações e mais de 120 clubes – todos os que participaram de campeonatos nacionais em 2016, ainda que com apenas um atleta.

Na ação levada à 25.ª Vara Cível do Rio, Cyro sugere três medidas: que o número de votos dos atletas seja igual a dos clubes e federações (ou seja, cerca de 150); que cada um dos 117 atletas que votou para a formação da comissão tenha direito a voto direto para presidente; ou que cada um dos 13 medalhistas olímpicos da natação tenha direito a voto.

Em todos os casos, pelo que argumenta Cyro Delgado, a eleição teria que ser adiada. Aliás, ele faz exatamente esse pedido à Justiça, independentemente da modificação do colégio eleitoral, "a fim de permitir a divulgação dos programas de cada chapa". Ele foi o último a registrar chapa, o que só aconteceu na semana passada, enquanto que o favorito Miguel Cagnoni, presidente da Federação Aquática Paulista, está em campanha há pelo menos um ano.

Paralelamente a isso, a Federação Aquática de Santa Catarina, ligada a Coaracy – algo que Cyro jura não ser -, também entrou na Justiça reclamando do colégio eleitoral decidido judicialmente. Na ação levada ao Tribunal de Justiça do Rio, a FASC argumenta contra o direito de "cerca de 200" clubes votarem.

"Fica evidente que a participação dos clubes precisa acontecer, mas cabe à modalidade definir de que forma isso vai ocorrer, como e para quem será garantido o direito de votar, bem como qual o peso de cada voto", argumenta a federação. A FASC pede, assim, que seja suspensa a decisão que alterou o colégio eleitoral, de forma que apenas as 27 federações e os atletas (com 1/6 de voto) possam votar.

Como mostrou o blog, a escolha dos clubes aptos a votar causou polêmica, uma vez que inicialmente continha até empresas e equipes como "seleção do Peru". Isso foi corrigido, mas mesmo assim o poder dado aos clubes é considerado desproporcional, até porque cada clube terá que arcar com os custos para ir ao Rio votar. Isso inibe a presença de clubes de outras regiões do país e beneficia clubes cariocas e paulistas, a maioria deles apoiadores da candidatura de Miguel.

Da mesma forma, o poder dos atletas foi reduzido a um nada. Num colégio eleitoral de mais de 150 votantes, clubes sem nenhuma expressão na natação têm direito ao mesmo número de votos de um universo de dezena de milhares de atletas, que serão representados por Leonardo de Deus, da natação.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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