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Joanna critica privilégios na CBDA e Thiago Pereira diz: 'Sempre tive tudo'

Demétrio Vecchioli

16/05/2017 09h29

Se a CBDA está sob intervenção judicial à espera de realizar uma eleição e escolher seu novo presidente, muito é responsabilidade de Joanna Maranhão e Thiago Pereira. Foi ela quem entrou na Justiça contra a nomeação dele para ser o representante dos atletas, num dos últimos atos de Coaracy Nunes como presidente. E os dois, de perfis tão opostos, dividiram a bancada do Bem, Amigos na noite de segunda-feira.

Diante de Galvão Bueno e convidada a falar sobre a crise na CBDA, Joanna não se furtou a lembrar sua contínua briga contra a antiga gestão da entidade, hoje detida na penitenciária de Bangu 8. Reclamou de privilégios para poucos, sem precisar citar que um dos privilegiados era justamente Thiago Pereira, que vestiu a carapuça e respondeu.

"Eu entrei na seleção com 14 anos. E como a CBDA funciona: você é finalista olímpica e tem tudo. Pede viagem, treinamento, eles dão. Você é a menina dos olhos. Mas eu comecei a ver os meus companheiros que não tinham resultados bons – o que é normal com todo mundo, você não é máquina – e tinham os patrocínios cortados. Por que não tínhamos contratos de 12 meses? Por que mordomia para uns e não para outros? Comecei a ser retaliada", contou Joanna Maranhão, hoje atleta da Unisanta.

Ela continuou: "Para a gente, enquanto atleta, trazer medalhas é muito importante. Mas acho que todo atleta, seja ele finalista olímpico ou que luta por final B de campeonato brasileiro, tem que ser respeitado. Se a gente não agir como um time, de um receber R$ 20 mil e outro receber dois meses de R$ 2 mil, de um viajar de classe econômica e outro viajar de executiva… A gente tem que mudar tudo isso", cobrou.

Em seguida foi a vez Thiago Pereira comentar a situação da CBDA e tratou de defender seus privilégios. "A regra da passagem executiva sempre foi bem clara. Lembro que em 2002, na minha primeira seleção, o Gustavo (Borges) estava ali na frente (na executiva). Para estar ali tinha que subir num pódio olímpico. Eu olhava pro Gustavo e para o Xuxa e pensava que queria estar ali."

O medalhista olímpico, aposentado desde o ano passado, também falou sobre a falta de apoio para os atletas que não são destaque, como citado por Joanna. "Nos meus 15 anos de carreira, eu sempre tive tudo que eu sempre precisei. Obvio que a gente tem um cenário que precisa-se de muito mais. O problema vem das federações, as mudanças devem vir de baixo das confederações", reclamou. Thiago, porém, não respondeu a um comentário de Galvão Bueno sobre um dos dirigentes presos (Ricardo de Moura) ter agradecido ao nadador pelo apoio – isso aconteceu na entrevista publicada ontem pelo blog.

Já Joanna Maranhão reclamou inclusive de não receber o apoio a que tinha direito. "Financeiramente, fui prejudicada demais. Eu era a única atleta a cumprir os resultados do Bolsa Pódio e nunca recebi nenhum centavo por isso. Me preparei para os Jogos do Rio com o dinheiro do meu clube e só."

Para que um atleta tiver acesso à Bolsa Pódio, ele precisa ter terminado o ano anterior entre os 20 melhores de sua prova. Mas é a confederação da modalidade (no caso a CBDA) que leva o pleito ao Ministério do Esporte, podendo abrir mão disso se considerar que o atleta não irá brigar por pódio nos Jogos Olímpicos. Não é o que fazia a CBDA, que conseguiu Bolsa Pódio até para a neta de Coaracy, atleta do nado sincronizado.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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