Petrobras recusa usar economia com F1 para bancar programas esportivos
Quando defendeu que a Petrobras rescindisse o contrato com a McLaren, o ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB-RS), deixou claro que vislumbrava que o dinheiro economizado bancasse o Bolsa Atleta. Nesta segunda-feira (4), a estatal e a equipe de Fórmula 1 enfim rescindiram o polêmico contrato, de cerca de 10 milhões de libras esterlinas (R$ 51 milhões) ao ano. O dinheiro não será aplicado no Bolsa Atleta.
O interesse do Ministério da Cidadania em tirar dinheiro da Fórmula 1 e colocar no programa de bolsas foi relevado pelo Olhar Olímpico em fevereiro. No mês seguinte, Terra foi até a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado e confirmou a ideia.
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Nesta segunda, depois de confirmar a rescisão com a McLaren, a Petrobras deixou claro que não pretende usar no esporte o dinheiro economizado com a F1. "O patrocínio da Petrobras ao esporte olímpico no ciclo para os Jogos de Tóquio se dá por meio do apoio ao Time Petrobras, equipe de 20 atletas olímpicos e cinco paraolímpicos de alto rendimento. No momento não há previsão de investimento no Bolsa Atleta", disse a empresa, em nota ao blog. Anunciado no ano passado, o Time Petrobras tem investimento de R$ 9,8 milhões, cerca de metade do que foi investido em programa idêntico no ciclo olímpico passado.
Procurado, o Ministério da Cidadania não comentou a situação específica da Petrobras. Em nota, disse que "tem trabalhado na busca de alternativas para recompor o orçamento do programa Bolsa Atleta, como foi realizado em 2019" e citou ter encaminhado ao Congresso um projeto de lei para "modernizar e aperfeiçoar o programa" e que possibilitaria "a complementação orçamentária por meio de acordos ou parcerias com entes públicos ou privados".
Políticos que atuam no setor esportivo têm reclamado da falta de proatividade da secretaria em defender suas pautas no Congresso, o que explicaria o passo de tartaruga desse PL, o 2.394/2019. Protocolado em abril, levou um semestre inteiro para ser votado na Comissão do Esporte, onde estão deputados interessados na pauta. Só na semana chegou à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC).
No orçamento 2020 enviado pelo Executivo ao Congresso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) destinou só R$ 70 milhões para o Bolsa Atleta, um programa que custa cerca de R$ 140 milhões ano ano. Nenhum deputado ou bancada propôs emenda para ampliar esse montante, que já se mostrou insuficiente no ano passado, quando metade dos atletas aptos ficou fora da lista de beneficiados.
A solução seria, portanto, contar com a ajuda de estatais. Nos primeiros meses do ano, Osmar Terra percorreu gabinetes de presidentes de estatais para passar o chapéu. No Senado, ele também chegou a afirmar que o fim dos patrocínios da Caixa Econômica Federal a clubes de futebol iriam ajudar o programa Bolsa Atleta. Até agora, porém, não há nada nesse sentido, somente uma promessa do BNDES de bancar um programa de bolsas para vencedores de etapas regionais de Jogos Escolares. Seriam 5 mil bolsas de R$ 300, nas contas do governo. Um investimento de R$ 18 milhões ao ano, menos da metade da economia da Petrobras com a rescisão com a McLaren.
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