Doria vai tirar Secretaria de Esporte do centro para vender prédio tombado
Os funcionários da Secretaria de Esporte do Estado de São Paulo, conhecida pela sigla SELJ, já receberam aviso de que devem encaixotar papeis e deixarem tudo pronto para uma mudança que vai acontecer em breve. A secretaria vai se mudar do prédio que ocupa no centro de São Paulo, mais exatamente no número 9 da Praça Antônio Prado. O edifício, com mais de 13 mil metros quadrados de área útil, está na fila para ser vendido em um "esforço de unificação e racionalização de espaços e recursos públicos", segundo o governo.
Construído ente 1935 e 1938, o prédio de 15 andares e dois subsolos é quase uma década mais antigo do que o vizinho Farol Santander, agora redescoberto como ponto turístico. Os dois têm história parecida. Conhecido como Edifício Banco de São Paulo e projetado pelo arquiteto Álvaro de Arruda Botelho, abrigou o antigo Banco de São Paulo até este ser comprado pelo Banespa. Foi a agência bancária mais chique que a cidade já teve e sede social do luxuoso Jockey Clube de São Paulo, com salões de bilhar e de xadrez. No subsolo, até hoje preserva os antigos cofres, que tiveram portas produzidas pela alemã Panzer, fabricante de tanques durante a Segunda Guerra Mundial.
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"Mais luxuoso e requintado" exemplar da arquitetura art déco da cidade de São Paulo segundo o Condephaat (órgão estadual do patrimônio), foi tombado em 1992 pela prefeitura e 2003 pelo Estado. Desde 2017 está aberto para visitação, que passa pelos cofres, pelas antigas agência bancária e sala de reuniões do presidente, até chegar a um mirante no sexto andar.
Dividido em dois blocos interligados terreno tem 1,2 mil metros quadrados, que somam 13,5 mil m² de área construída, o prédio é o único tombado entre mais de uma centena de imóveis do Fundo de Investimento Imobiliário (FII) que o governo do Estado ainda pretende colocar à venda. O FII, com 264 imóveis no total, proposto ainda por Geraldo Alckmin (PSDB) em 2016, e regulamentado por Márcio França (PSB) em 2018. Mas foi João Doria (PSDB), em março, que iniciou a comercialização de fato dos imóveis.
Desde então tem crescido a pressão para que a SELJ deixe o prédio que ela ocupa quase em sua totalidade – em um andar funciona uma delegacia da Polícia Civil. Em nota ao Olhar Olímpico, a Secretaria de Governo informou que a pasta informou que a previsão de mudança é "o fim deste ano" para o edifício Cidade 1, na rua Boa Vista, também no centro.
A SELJ, porém, passou informação diferente ao blog, informando que a secretaria iria se mudar, no ano que vem, para um edifício administrativo dentro do Complexo Esportivo Baby Barioni, na Zona Oeste. A Secretaria de Governo, depois, confirmou essa versão.
O Baby Barioni, colocado no Parque da Água Branca, é um dos "legados olímpicos" da Rio-2016 na cidade de São Paulo – o outro é CT Paraolímpico, na zona sul. As obras do complexo, porém, começaram em 2014 e praticamente pararam em 2016 até que o convênio com a Caixa Econômica Federal, que pagava pela obra, fossem completamente encerrado em outubro do ano passado.
Só em setembro deste ano é que o governo estadual retomou as reformas, que avançaram um pouco além da metade – 54%. A previsão da SELJ é que obras que já estão prontas, incluindo o prédio de lutas, a quadra poliesportiva e o edifício administrativo sejam entregues ao longo do ano que vem. Depois, o restante da estrutura ficará pronto até o fim de 2020, ao custo de mais cerca de R$ 30 milhões.
Aprontar o Baby Barioni é importante não só para tirar a SELJ de um edifício histórico e poder vendê-lo, mas também para avançar no processo de concessão do Complexo Esportivo do Ibirapuera à iniciativa privada. Hoje as vozes mais críticas a essa concessão são atletas e ex-atletas que moraram ou moraram no Ibirapuera, fazendo parte do Projeto Futuro. O Baby Barioni terá moradias, para onde parte desses atletas deverão ser levados.
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