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Olhar Olímpico

Ciclista suspenso por doping vence corrida em Campinas e gera polêmica

Demétrio Vecchioli

02/10/2019 04h00

Caio Godoy disputa prova em Campinas

Considerado grande promessa do ciclismo de estrada do Brasil para este ciclo olímpico, Caio Godoy despontava na elite quando, no ano passado, falhou em exame antidoping. Suspenso até 2022, abandonou o esporte de alto-rendimento. No último domingo (29), porém, voltou a sentir o gosto da vitória. Em Campinas, ele venceu etapa local da Santander Track & Field Run Series, de 10 quilômetros.

O resultado chamou atenção entre praticantes de corridas de rua, até porque o tempo conseguido por Caio foi expressivo. Ele venceu com 32min45s, colocando mais de três minutos de vantagem sobre o segundo colocado e mostrando que o ex-ciclista é mais do que um mero corredor de fim de semana.

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Não demorou para a denúncia chegar na Federação Paulista de Atletismo (FPA), que chancelou a prova. "Já estamos tomando providências, comunicando à organização da corrida sobre a infração e a não validação desse resultado. E estamos estabelecendo procedimentos mais rigorosos quanto a isso. Não tínhamos o controle de atletas de outras modalidades suspensos, apenas os do atletismo, mas ampliaremos esse controle por conta desse caso", diz Joel Lucas Vieira, presidente da FPA.

De acordo com ele, o caso também será encaminhado para o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) da entidade, para que o mérito seja julgado. Só neste ano Caio correu pelo menos outras três provas, sendo segundo colocado em outra etapa do circuito do Santander, também em Campinas.

Caio suspenso pela União Ciclística Internacional (UCI) após ser flagrado por cocaína e seus metabólicos, que segundo ele estavam em um chá de coca que ele bebeu sem saber o que era durante a Volta do Uruguai. Ao receber a punição, ele foi informado pela UCI que a suspensão "pode afetar sua participação em outros esportes que não o ciclismo" e que é responsabilidade dele "questionar e pedir informações" sobre a autorização para competir nessas outras modalidades.

Foi o que o ciclista fez em abril, quando procurou a FPA. Recebeu a autorização por e-mail: "São diferentes situações e como você não é federado como corredor de rua não há problema nenhum". Desde então, porém, a entidade mudou de presidente – e de entendimento. Para o atual presidente da FPA, eventos chancelados não podem admitir atletas suspensos por doping por qualquer entidade sob o guarda-chuva da Agência Mundial Antidoping (Wada).

Caio pensa diferente. "Não sou mais atleta profissional e nem quero voltar a ser. Tenho um trabalho com carteira assinada, estou estudando. A prática do esporte é meramente pelo meu lazer e bem estar. Não tenho a intenção de competir provas do ranking válidas para índices ou com pontuações. Queria que o pessoal entendesse isso", afirma.

Responsável pelo controle de doping no Brasil, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) disse cabe à UCI, como responsável pelo caso que resultou na sanção, também apurar uma eventual violação da suspensão. "A ABCD reportará a violação à UCI, assim que tenha ciência sobre a veracidade dos fatos, para que a mesma determine como pretende proceder", informou a entidade.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.