Desmontada por Bolsonaro, gestora do legado olímpico depende de voluntários
Legado olímpico. Há exatos três anos esse termo, que já rondava o noticiário, passou a ser tangível no Brasil. Com o encerramento dos Jogos Paraolímpicos, em 19 de setembro de 2016 os equipamentos construídos para a Rio-2016 perderam sua função original e passaram a ser a oportunidade de o país continuar a oferecer esporte para um número maior de crianças, jovens e adultos, e equipamentos de primeiro mundo para nossos melhores atletas.
No aniversário de três anos do legado olímpico, porém, o Parque Olímpico da Barra está fechado, sendo preparado para receber o Rock In Rio, mas ninguém sabe quanto os organizadores do maior festival de música do país vão pagar aos cofres públicos. Desmontado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), o órgão que geria o legado olímpico hoje é um catado de alguns poucos voluntários, que trabalham ali com a promessa de que, quando as coisas se resolverem, eles serão contratados.
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A Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO) foi criada em março de 2017 e existiu até o dia 30 de junho. Para ser renovada, dependia de uma Medida Provisória assinada por Bolsonaro, o que não aconteceu. Desde então, a responsabilidade sobre o chamado legado é do Ministério da Cidadania (junção dos antigos ministérios do Esporte, Cultura e Desenvolvimento Social).
O problema é que não existe, no ministério, nenhum cargo voltado a essa função. Quando a AGLO foi extinta, foram enterrados com ela 95 postos comissionados, dos quais 69 estavam ocupados. Um dos motivos para o fim da autarquia, aliás, foi a economia que isso geraria, uma vez que só a folha salarial custava cerca de R$ 1 milhão.
Ainda em 7 de julho – há mais de dois meses, portanto – secretário adjunto de Esporte falou com o Olhar Olímpico e explicou os planos do governo, que envolvia dividir responsabilidades entre três entes federais. Mas a promessa, naquela época, é que a solução saíssem 15 dias. Até agora, não veio.
Na falta de funcionários, um grupo informal de "voluntários" tem cuidado dos interesses da AGLO. Esse grupo é liderado pelo coronel Ricardo Leão, da reserva da Exército. Em julho, quando um diretor do Ministério da Economia visitou o Parque Olímpico, sua agenda explicou que ele foi acompanhado do "coronel Leão, voluntário". Ao menos outro cinco voluntários trabalham em assiduidade cada vez menor no antigo Velódromo, onde ficava a sede da AGLO.
Procurado pelo blog, o Ministério da Cidadania não respondeu quantos voluntários atuam no Parque Olímpico, nem quantos. A pasta se limitou a dizer que "a gestão do Parque Olímpico da Barra da Tijuca está sendo feita apenas por servidores do órgão, de acordo com a demanda administrativa, jurídica, de controle, de fiscalização ou esportiva", não respondendo, também, quais e quantos servidores atuam no Parque Olímpico.
O Olhar Olímpico apurou que são dois, especialmente. Homero Gustavo Lima e Marieden Martins Tosta. Analista de finanças do Ministério da Cidadania, ele fez só uma viagem ao Rio desde o fim da AGLO, em julho, de acordo com o Portal da Transparência. Marieden aparece como locada em Brasília e não fez viagens recentes ao Rio de Janeiro.
Indicado pelo secretário Especial de Esporte, general Décio Brasil, para resolver as questões ligadas ao legado olímpico, o adjunto Marco Aurélio Araújo também despacha de Brasília. De acordo com o Portal da Transparência, desde o fim da AGLO ele passou menos de duas semanas no Rio de Janeiro – no total, fez cinco viagens.
O parque, de qualquer forma, está fechado desde o começo do mês, para o Rock in Rio, que começa no próximo dia 28. Apesar da proximidade da data, ainda não existe contrato entre o governo federal e os organizadores para a cessão do espaço. De acordo com o Ministério da Cidadania, "os procedimentos para determinar os valores, direitos e obrigações estão em fase final de negociação com a empresa responsável pelo evento".
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