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Olhar Olímpico

Brasileira é prata no Mundial de Judô, mas defendendo Portugal

Demétrio Vecchioli

29/08/2019 10h44

Bárbara Timo (Roberto Castro/Rede do Esporte)

Uma brasileira conquistou a medalha de prata no Mundial de Judô nesta quinta-feira (29), melhor resultado do país em Tóquio até agora. O problema é que o pódio entra na conta de Portugal. Nascida, criada e formada judoca no Brasil, Bárbara Timo faturou o vice-campeonato mundial na categoria até 70kg em sua primeira participação defendendo a seleção portuguesa. Pelo Brasil, Maria Portela caiu nas oitavas de final.

Bárbara Timo chegou a Portugal em agosto do ano passado, inicialmente para competir pelo Benfica, acompanhada de Rochele Nunes, que também vai disputar o Mundial, no sábado. Mas as duas já tinham proposta para se naturalizarem. O Comitê Olímpico de Portugal cuidou de todos os trâmites, alegando que havia interesse nacional em conceder o passaporte às duas brasileiras. O processo foi rápido e, em novembro, Bárbara já estava naturalizada.

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As duas têm em comum trajetória de sucesso na seleção brasileira, mas sem poder chegar tão longe quanto sonhavam. Na categoria até 70kg, Bárbara, de 28 anos, passou dois ciclos olímpicos sem conseguir superar Maria Portela, que foi às últimas duas Olimpíadas e tem tudo para ir à terceira em Tóquio.

A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) poderia atrapalhar os planos das judocas, mas não o fez. Autorizou as mudanças de nacionalidade, evitando que elas ficassem dois anos em quarentena. Mas, depois que Portugal levou também jovens revelações das categorias de base, a confederação criou uma regra pela qual exige uma compensação financeira em troca de tudo que investiu naquele atleta até ali.

A regra não valeu para Bárbara, que chegou ao Mundial na 29ª colocação do ranking e com dois resultados expressivos na temporada: bronze no importante Grand Slam de Paris e ouro no Grand Prix de Tbilisi, na Geórgia. Em Tóquio, venceu quatro lutas seguidas, incluindo a japonesa Chizuru Arai, líder do ranking mundial e grande favorita ao ouro.

Na final, porém, a brasileira naturalizada portuguesa acabou derrotada pela francesa Marie Eve Gahie, segunda colocada no ranking mundial. Portela, por sua, estreou vencendo uma croata, mas foi eliminada na segunda rodada por outra francesa, Margaux Pinot, número 11 do mundo. A gaúcha é a sexta.

O Brasil por enquanto faz campanha ruim no Mundial, que está sendo realizado no mesmo ginásio onde serão disputados os Jogos Olímpicos do ano que vem. Não só o bronze de Rafaela Silva é a única medalha do país na competição até aqui, como é também o único resultado entre os oito primeiros.

Dos 10 brasileiros que já lutaram no Mundial, três foram eliminados na estreia e cinco caíram na segunda rodada. Só duas judocas tiveram mais vitórias que derrotas: Larissa Pimenta (caiu na terceira rodada) e Rafaela. A esperança é que as coisas melhores nos últimos dois dias de chaves individuais, quando lutam Mayra Aguiar (líder do ranking até 78kg), Leo Gonçalves, Rafael Silva, David Moura (quinto e terceiro do mundo entre os pesados), Maria Suelen Altheman e Bia Souza (quarta e nona). Rochele Nunes deu azar no sorteio e deve pegar a japonesa Asahina, favorita ao ouro, logo na segunda rodada.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.