Semenya bate recorde em Doha em última prova antes de proibição
O Estádio Nacional de Doha viu, nesta sexta-feira (3), aquela que pode ser a última prova de uma das mais vitoriosas atletas de sua geração. Com direito a recorde da etapa qatariana da Diamond League, Caster Semenya venceu com folga a prova de 800m para mulheres e comemorou com raiva, jogando para a torcida o buquê recebido pelo triunfo. A partir de sábado (4), ela está proibida, na prática, de competir.
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Na quarta (1), a Corte Arbitral do Esporte (CAS) anunciou seu veredicto para o conflito entre Semenya e a Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF). A corte máxima do esporte deu razão à entidade internacional, acatando a regra que exige que as mulheres que desejem correr a prova de 800m tenham um teto de 5 nmol/l de testosterona no sangue. A CAS recomendou que a IAAF revisse a validade dessa regra para os 1.500m, o que a federação já disse que não o fará.
Semenya naturalmente produz testosterona acima desse nível e, desde que apareceu com destaque no cenário internacional em 2009, tem seus resultados contestados. A sul-africana se recusa a passar por tratamento hormonal, que nesta sexta-feira (3) a Associação Médica Mundial (WMA), uma espécie de sindicato de médicos do mundo todo, disse ser antiético. A entidade recomendou que os médicos não ministrem esse tratamento, exceto em casos de patologia.
A exigência do controle hormonal passa a valer no sábado. Assim, tão logo saiu a decisão da CAS, os organizadores da etapa de Doha da Diamond League anunciaram a inscrição de Semenya para a prova desta sexta. O evento é o primeiro do ano no principal circuito do atletismo mundial.
Provando seu altíssimo nível, Semenya venceu com 1min54s98, novo recorde do meeting e também melhor marca da temporada. Como o resultado não será invalidado, tudo indica que ela siga na liderança do ranking pelo resto do ano.
A segunda colocada da prova foi Francine Niyonsaba, do Burundi, prata na Rio-2016 e no Mundial de 2017, que recentemente revelou que também apresenta altos níveis de testosterona em seu organismo. Ela também fica proibida de competir a partir de sábado. Se quiser continuar disputando as provas de 800m, precisará passar por uma quarentena de seis meses de tratamento, perdendo o Mundial, que vai acontecer exatamente em Doha.
Especula-se que outras atletas de destaque na prova dos 800m também precisem passar por tratamento. Como não havia proibição e os resultados dos exames antidoping não são públicos, é impossível afirmar quais corredoras serão impedidas.
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