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Olhar Olímpico

Um ano após depressão, Daniel faz índice para a Olimpíada na maratona

Demétrio Vecchioli

28/04/2019 12h37

Daniel Chaves (reprodução/Instagram)

Daniel Chaves foi o único brasileiro e atingir o índice olímpico da maratona neste domingo (28), dia em que ocorreram duas provas importantes na Europa. Ele foi 15º colocado em Londres com 2h11min10s, exatamente 20 segundos abaixo do mínimo exigido pela Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF).

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A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) ainda não divulgou os seus critérios de convocação para Tóquio. Existe a possibilidade, remota, de a entidade reduzir a janela de qualificação, que internacionalmente começou a valer em 1º de janeiro para a maratona, para a marcha atlética e para os 10.000m. Assim, não é oficial que Daniel está qualificado para Tóquio pelos critérios nacionais.

Mas muito dificilmente ele não estará na Olimpíada de 2020, a primeira da carreira do corredor de 30 anos que se dedicou até 2016 às provas de pistas, sem grande sucesso, ainda que tenha disputado o Pan de Toronto. O objetivo sempre foi migrar para as maratonas, o que não deu certo em um primeiro momento. Ele passou por depressão, tentou o suicídio e voltou a treinar no ano passado, quando completou sua primeira maratona, em Valência.

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Neste domingo, foi 15º em Londres, na maratona mais forte da história. Com potencial para baixar da casa de 2h10min, ele fez uma prova conservadora, para estabelecer o índice estabelecido para a Olimpíada e se garantir no Mundial de Doha (Qatar) e nos Jogos Pan-Americanos de Lima (Peru). A marca, de qualquer forma, o coloca como segundo melhor brasileiro entre os maratonistas em atividade.

Ao mesmo tempo, outros três brasileiros correram em Hamburgo (Alemanha), em prova tida como veloz, boa para estabelecimento de índices. O melhor deles foi Wellington Bezerra da Silva, que completou em 18º com o tempo de 2h13min84. Representante do Brasil nos Mundiais de 2013 e 2015 e na Olimpíada do Rio, Paulo Roberto de Paula foi só o 23º colocado, com 2h14min12s. Vagner Noronha terminou com 2h19min14s, em 35º lugar.

Os quatro foram os quatro primeiros colocados do ranking brasileiro de 2018. Na comparação com a temporada passada, Wellington piorou 41 segundos e Paulo quase um minuto. Vagner, cinco minutos. Já Daniel melhorou em mais de dois minutos, mostrando que é o grande nome do país para os próximos anos.

Com os resultados desse domingo, Daniel, Wellington e Paulo se mantêm entre os três primeiros da lista de qualificados tanto para disputar o Pan de Lima quanto para ir ao Mundial. No caso do Pan, muito provavelmente a lista não muda, porque o período de obtenção de índices fecha no domingo que vem e Solonei Rocha, outro candidato, está machucado. Para o Mundial os índices ainda podem ser feitos até setembro.

Simone Ponte Ferraz (reprodução/Facebook)

Feminino

Duas brasileiras correram na elite em Hamburgo, mas fizeram marcas ruins. Bicampeã dos Jogos Pan-Americanos, Adriana Aparecida da Silva completou num modesto 24º lugar, com o tempo de 2h42min44s e não deve tentar o tricampeonato, a não ser que haja desistências. Ela tinha a terceira vaga do Brasil, mas foi ultrapassada por Simone Ponte Ferraz, que fechou em oitavo, com 2h38min35s, melhorando em nove minutos seu recorde pessoal. 

As marcas passam longe do índice olímpico (2h29min00s), que dificilmente será alcançado por uma brasileira, e também ficam acima do índice para o Mundial de Doha (2h3min00s). Valdilene dos Santos Silva (2h32min01s em Frankfurt) e Andreia Hessel (2h34min55s em Nagoya) são as únicas qualificadas para Doha. As duas já correram nessa janela de maratonas, em Nagoya (Japão), em março.

Na briga por Lima, elas agora têm a companhia de Simone, que superou a marca feita por Adriana em Nova York, no ano passado: 2h41min00s. Aos 37 anos, Adriana está cada vez mais longe do auge da carreira. Neste domingo, correu 13 minutos acima da sua melhor marca, 2h29min17s, de 2012, segunda melhor da maratona brasileira.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.