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Olhar Olímpico

Estádio do Canindé vai de novo a leilão, com lance mínimo de R$ 163 milhões

Demétrio Vecchioli

15/04/2019 11h35

Estádio do Canindé (Folhapress)

A maior parte do estádio do Canindé está, mais um vez, sendo leiloada. A nova tentativa da Justiça de vender a casa da Portuguesa, clube que comemorará seu centenário no ano que vem, começou às 9 horas desta segunda-feira (15) e vai até as 16 horas da próxima quinta (18). O lance mínimo é de R$ 163.922.050,99 (R$ 163 milhões). 

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Nos documentos anexados ao leilão constam 13 ordens judiciais diferentes de penhora da parte do estádio do Canindé que pertence à Portuguesa – outra parte é cedida pela prefeitura de São Paulo. A mais recente decisão é favorável ao zagueiro Luiz Henrique, que passou rapidamente pela Lusa em 2002, fez carreira no Nacional-SP e atualmente está no União, do Mato Grosso do Sul. 

No final de 2018, a 54ª Vara do Trabalho da Capital condenou a Portuguesa a pagar a Luiz Henrique a bagatela de R$ 22,9 milhões. Ele e diversos outros jogadores se valeram do fato de a antiga redação da Lei Pelé determinar que, em caso de rompimento de contrato por parte do clube, o contratado poderia receber até cem vezes o valor de seu salário anual.

Mas a lista de dívidas da Portuguesa vai além dos processos trabalhistas. A ação que motivou esse leilão é referente a uma dívida de R$ 3,7 milhões com um empresário que ajudou o clube a receber de um clube grego um valor referente à venda do atacante Diogo, em 2008. Mas que alega nunca ter recebido sua comissão de 10% combinada.

Como a Portuguesa não tem dinheiro, a Justiça mais uma vez optou por leiloar um dos poucos bens que restaram ao clube: o terreno onde está construída parte de seu estádio e a maior parte da área social do clube. No total, o terreno tem 42.350m². Sobre ele estão construídos cerca de 60% do estádio, um salão comercial, o parque aquático, áreas de circulação, vestiários, ginásio poliesportivo, arquibancada e casa de máquinas.

Esta é a terceira vez que o terreno vai a leilão. Ninguém deu lances em 2016, na primeira tentativa, nem na segunda, em 2017. Ainda que a Portuguesa reclame que a avaliação seja expressivamente inferior ao valor de mercado do terreno, ninguém sabe ao certo as dificuldades que um eventual comprador teria em utilizar o terreno. Há mobilização para tombar o estádio, o que até agora não ocorreu, e a prefeitura ainda não sinalizou de forma definitiva como agiria.

Nesta primeira rodada de lances, que vai até as 16h de quinta-feira (18), o lance mínimo é de R$ 163,9 milhões. Se ninguém fizer ofertas, uma segunda rodada ficará aberta até 9 de maio, com lance mínimo de R$ 98 milhões. Não é necessário pagar à vista. O leilão aceita 25% de entrada e o restante em 30 vezes iguais. Se o estádio foi leiloado, a prioridade da Justiça é pagar a dívida de IPTU, de R$ 24 milhões. 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.