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Olhar Olímpico

Russo se oferece para pagar R$ 63 milhões e manter boxe em Tóquio-2020

Demétrio Vecchioli

30/03/2019 04h00

(Jonne Roriz/Exemplus/COB)

Membro do conselho executivo da Associação Internacional de Boxe Amador (Aiba, na sigla em inglês), o russo Umar Kremlev fez uma oferta que balançou o mundo do boxe. Ele se ofereceu para pagar integralmente, do próprio bolso, a dívida da entidade, que um recente relatório financeiro mostrou ser de US$ 16 milhões (mais de R$ 63 milhões).

Desde 2017 o Comitê Olímpico Internacional (COI) vem criticando o caos administrativo e financeiro da Aiba, que sempre teve muito pouca ou nenhuma transparência de suas contas. Só essa semana, com a corda no pescoço, é que a entidade concluiu uma auditoria interna que apontou o rombo de US$ 16 milhões.

É o início do que parece ser o movimento que o COI tanto cobrou da Aiba e que a entidade do boxe insistia em fazer tudo ao contrário. A começar pela eleição de Gafur Rakhimov, natural do Usbequistão, para ser seu presidente. Ele é acusado pelos Estados Unidos de ser um dos chefes do narcotráfico internacional de heroína.

Só esta semana é que a Aiba admitiu que não poderia resistir à mão pesada do COI. Rakhimov pediu afastamento para "resolver algumas questões políticas" e, nesta sexta-feira (29), o marroquino Mohamed Moustahsane foi eleito para substituí-lo temporariamente. 

Entre as muitas cobranças feitas pelo COI, as mais urgentes pareciam ser a troca no comando e um balanço da dívida. Os US$ 16 milhões são quitáveis, segundo a Aiba, desde que ela não deixe de receber sua parcela do repasse que o COI faz às federações olímpicas. Desde meados do ano passado esse repasse está suspenso, como forma de pressão do COI.

O momento é de tudo ou nada para a Aiba, e por isso Umar Kremlev se ofereceu para pagar a dívida do próprio bolso. Em junho o COI decide se exclui o boxe do programa de Tóquio-2020, como já ameaçou diversas vezes, ou, mais provável, passa a reconhecer outra entidade como a responsável pela organização da competição de boxe. Não faltam interessados.

Pouco se sabe sobre como Kremlev arcaria com um gasto deste montante. Ele já declarou que pretende ser candidato à presidência da Aiba no futuro e chegou a enviar carta ao presidente do COI, Thomas Bach, com a proposta. Ao site Inside The Games, o norte-americano Tom Virgets, diretor-executivo da Aiba, agradeceu a oferta do russo, mas disse que não foi a Aiba que pediu sua ajuda. Ainda não está certo se a Aiba aceitará a boa ação.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.