Governo quer Petrobras fora da F1 e estatais bancando Bolsa Atleta
O ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB), visitou os presidentes de cinco das maiores estatais do país nas últimas semanas. Na pauta, um pedido, avalizado pelo superministro da Economia, Paulo Guedes: que as estatais deixem de utilizar a Lei de Incentivo ao Esporte e foquem o investimento no esporte bancando o déficit da Bolsa Atleta. Além disso, o governo federal quer que a Petrobras deixe de investir na Fórmula 1, como patrocinadora da McLaren. Foi o apoio da empresa que levou o piloto Sergio Sette Câmara a se tornar 3º piloto da equipe para 2019.
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Terra, que é responsável pelas áreas antes abrangidas pelos ministérios do Esporte, da Cultura e do Desenvolvimento Social, foi ao Rio de Janeiro para se encontrar com a cúpula do BNDES, da Petrobras e da Eletrobrás. Em Brasília, visitou os presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Entre as estatais que fizeram parte do Plano Brasil Medalhas no governo Dilma Rousseff (PT), antes da Rio-2016, só ficaram de fora os Correios.
A secretaria especial de Esporte, criada no governo Jair Bolsonaro (PSL), tem tratado como prioridade a recomposição do orçamento do Bolsa Atleta. Até 2016, o programa tinha cerca de R$ 140 milhões ao ano. Os cortes impostos por Michel Temer (MDB) foram sentidos no fim do ano passado, quando a lista de contemplados foi cortada pela metade e atingiu principalmente a base. O Olhar Olímpico já mostrou que os R$ 70 milhões do orçamento deste ano não são suficientes para pagar as bolsas em aberto e abrir um novo edital em 2019.
O ministro sabe disso e colocou a recomposição do Bolsa Atleta como uma das metas de sua pasta para os 100 primeiros dias do governo Bolsonaro. Ao mesmo tempo, porém, o Ministério da Economia vem defendendo uma redução, ou eliminação, do déficit público. O que passa por um corte de gastos.
Por isso, o plano A do governo é que as estatais banquem esses cerca de R$ 70 milhões que faltam no orçamento para manter o Bolsa Atleta funcionando como manda a lei. De acordo com fonte no governo, a ideia, que tem o aval de Paulo Guedes, foi bem aceita pelos representantes das estatais, nomeados exatamente por influência de Guedes. Nas mesmas reuniões, Terra, que também é responsável pela área de cultura, pediu que as estatais deixem de patrocinar projetos culturais do eixo Sul-Sudeste e de artistas famosos na Lei Rouanet, para focar em projetos sociais e do Norte/Nordeste.
No esporte, entre as estatais com mais margem para ajudar está a Petrobras. Teria partido do novo presidente da estatal, Roberto Castello Branco, a ideia de retirar o patrocínio à McLaren, assinado em fevereiro do ano passado para ser executado a partir da temporada 2019. "Como parte do acordo, a Petrobras, por intermédio do seu centro de pesquisas, desenvolverá gasolina e lubrificantes especialmente formulados para o time a serem usados na temporada de 2019. A companhia terá um laboratório nos boxes da McLaren durante os treinos e corridas, permitindo análises em tempo real do desempenho do combustível", explicou, no ano passado, o diretor-executivo da McLaren, Zak Brown.
O Olhar Olímpico questionou a Petrobras sobre a possibilidade de romper o acordo com a McLaren. Via assessoria de imprensa, a empresa informou que "o contrato de parceria técnica entre McLaren e Petrobras continua em vigor e os desembolsos estão em dia". E disse que não informou valores e período de vigência do contrato, alegando cláusula de confidencialidade. Na próxima quinta (14), a McLaren apresenta seu carro para 2019. Na tarde desta terça (12), o colunista Lauro Jardim, de O Globo, informou que o contrato é de 10 milhões de libras ao ano, confirmando que a Petrobras pretende rompê-lo.
Por enquanto, o governo ainda não sabe como exatamente pode aproveitar um possível apoio financeiro das estatais para financiar o Bolsa Atleta. Propostas devem ser discutidas em um grupo de trabalho que a secretaria de Esporte deve criar nos próximos dias. A ideia, porém, é que o governo não se envolva em estratégias comerciais das estatais, como o patrocínio do Banco do Brasil ao vôlei, ou dos Correios aos esportes aquáticos. Nesses casos, as decisões serão das empresas.
A reportagem solicitou às cinco estatais que informassem quanto investiram em projetos da Lei de Incentivo ao Esporte nos últimos anos. O BNDES, que há meses adia a renovação de patrocínio à canoagem, só destinou R$ 2,08 milhões ao esporte no ano passado, depois de chegar a R$ 22 milhões em 2016. Já o Banco do Brasil, que ultrapassou R$ 16 milhões em 2016, no ano passado destinou R$ 3,9 milhões à Confederação Brasileira de Vôlei via Lei de Incentivo, conforme previsto em contrato que vale até 2020.
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