Portugal naturaliza judocas brasileiras pensando em Tóquio-2020

Rochele Nunes e Bárbara Timo, brasileiras do Benfica e da seleção portuguesa
O nítido avanço de Portugal no esporte olímpico passa não somente por um investimento pesado em infra-estrutura e treinamento, mas também pela contratação de atletas. Nas últimas semanas, duas judocas com passagens destacadas pela seleção brasileira obtiveram a nacionalidade portuguesa e vão buscar vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 pelo país europeu.
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Bárbara Timo e Rochele Nunes chegaram a Portugal em agosto, inicialmente para competir pelo Benfica. Mas as duas já tinham proposta para se naturalizarem. O Comitê Olímpico de Portugal cuidou de todos os trâmites, alegando que havia interesse nacional em conceder o passaporte às duas brasileiras. O processo foi rápido e, em novembro, Bárbara já estava naturalizada. Para Rochele, a burocracia acabou agora no início do ano. Na semana que vem elas estreiam no Circuito Mundial.
As duas têm em comum trajetória de sucesso na seleção brasileira, mas sem poder chegar tão longe quanto sonhavam. Na categoria até 70kg, Bárbara, de 27 anos, passou dois ciclos olímpicos sem conseguir superar Maria Portela. Já Rochele Nunes, do peso pesado, até disputou três Mundiais e ganhou nove medalhas de ouro no Circuito Mundial, mas também não conquistou a vaga olímpica, sempre vencida por Maria Suelen Altheman.
Em Tóquio o judô ganha a prova por equipes, disputada por atletas de três categorias de peso masculinas e três femininas, entre elas as categorias de Bárbara e de Rochele. Sem judocas de alto nível nessas subdivisões, Portugal foi ao mercado e convidou as duas brasileiras, que por enquanto são remuneradas só pelo Benfica, mas que quando tiverem resultados pela seleção também terão apoio da confederação.
A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) poderia atrapalhar os planos das judocas, mas não o fez. Autorizou as mudanças de nacionalidade, evitando que elas ficassem dois anos em quarentena. "Tive que pensar no que eu queria para mim. Vi a oportunidade, vim no momento certo. O Brasil está passando por uma crise e o investimento em mim ficaria um pouco mais difícil, até porque já vou fazer 30 anos. A confederação tem que buscar uma renovação. Todos me apoiaram, inclusive o Kiko (técnico da Sogipa). Antes de vim falei com o coordenador (da seleção, Ney Wilson), que entendeu que era a oportunidade da minha vida e me disse que eu tinha que abraçar", conta Rochele.
Formada na Sogipa, um dos clubes com mais tradição no Brasil e casada com um dos treinadores daquela equipe (Felipe Quadros), ela agora se acostuma a uma nova realidade em Portugal. Forte não apenas no futebol, mas também em diversas modalidades olímpicas, o Benfica tem ampliado os investimentos em outras equipes. O judô, por exemplo, tem a portuguesa Telma Monteiro, bronze na categoria até 57kg na Rio-2016, e a italiana Odette Giuffrida, prata na categoria até 52kg.
Além de Rochele e Bárbara, outros brasileiros defendem as cores do Benfica, como Ricardo Serrão (até 90kg), Gabriela Clemente (52kg) e Felipe Cruz (até 66kg). Este último inclusive já vem competindo por Portugal e faturou duas medalhas no Circuito Mundial no ano passado.
A farta produção faz do Brasil um exportador de judocas. Também cria da Sogipa, Taciana Lima agora mora em Portugal, defendendo o Sporting, e representa Guiné Bissau. Morando e treinando no Espírito Santo, Nacif Elias já disputou quatro Mundiais pelo Líbano. Sergio Pessoa defendeu o Canadá na Rio-2016 e Camila Minakawa chegou a disputar o Campeonato Mundial por Israel – os dois já não competem mais em eventos internacionais.
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