Seleção de skate para seletivas olímpicas tem duas crianças
Duas crianças, de 10 e 11 anos, foram convocadas pela Confederação Brasileira de Skate (CBSkate) para comporem as seleções nacionais que buscarão classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio. A modalidade, que estreia no programa olímpico, não seguiu a construção histórica de outros esportes que tiveram que lidar com a especialização precoce, e não colocou limites etários.
Além de Rayssa Leal, de 10 anos, cuja história foi recentemente contada pelo Olhar Olímpico, também foi convocada Victoria Bassi, de 11 anos. As duas atenderam critérios técnicos para serem chamadas respectivamente às equipes de street e park, as duas disciplinas que serão olímpicas, ficando entre as quatro primeiras do ranking nacional de 2018. Além delas, também foram chamadas Virgínia Fortes Águas, de 12, e Isadora Pacheco, de 13, que, pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), já são adolescentes. Nenhuma delas teria idade mínima para disputar os Jogos Escolares Brasileiros ou os Jogos Olímpicos da Juventude, por exemplo.
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Ao não estabelecer idade mínima de atletas, o skate se torna exceção entre as modalidades artísticas do programa olímpico, aquelas nas quais os vencedores são determinados a partir de notas auferidas por árbitros. Por uma série de questões motoras e físicas, jovens atletas têm mais facilidade de se destacar nesses esportes, enquanto que nos de combate e nos coletivos, que exigem maior força física, a restrição é natural.
Na ciência, é majoritário o entendimento de que a especialização precoce é prejudicial ao jovem atleta. Para inibir que, em busca de medalhas, países principalmente do bloco comunista impusessem rotinas pesadas de treinos a crianças, o movimento olímpico passou a impor idades mínimas. Na ginástica feminina, nenhuma menina de menos de 15 anos pode competir entre as adultas, mesmo que sejam melhores que as adultas.
Ainda se adaptando ao movimento olímpico, o skate optou por não impor esses limites, argumentando que os padrões de treinamento são diferentes de outras modalidades. No ranking mundial do street, a melhor criança é Rayssa, de 11 anos, no 52º lugar, logo à frente de outra menina de mesma idade, norte-americana. À frente delas estão duas australianas de 12 e duas norte-americanas de 13.
A equipe feminina de street ainda tem Keren Feitosa (28), Letícia Bufoni (25) e Pâmela Rosa (19). Essas duas são respectivamente líder e segunda colocadas do ranking mundial feito pelo site The Boardr e favoritas a ficarem com duas vagas olímpicas. O Brasil vai buscar uma terceira vaga, não apenas com as convocadas, mas também com outras atletas que participarão do circuito mundial por conta própria. Já o time de park terá, além de Victoria e Isadora, também Letícia Gonçalves (21), Dora Varela (17) e Yndiara Asp (21).
No masculino o time é bem mais experiente. No park a equipe é puxada por Pedro Barros (23), campeão mundial, que será acompanhado de Pedro Quintas (16), Luiz Francisco (18), Hericles Fagundes (22) e Murilo Peres (22). Já o street terá Kelvin Hoefler (25), Felipe Gustavo (27), Tiago Lemos (27), Lucas Xaparral (30) e Lucas Rabelo (20).
A primeira janela de classificação para Tóquio-2020 dura até setembro. Apesar de uma redução no repasse do Comitê Olímpico do Brasil (COB), a confederação readequou a divisão de verbas e aumentou o número de convocados. A entidade havia prometido convocar os três primeiros do ranking nacional, mais um por indicação do comitê esportivo. Mas o quarto colocado do ranking também acabou beneficiado. O comitê chamou Letícia Bufoni, Dora Varela, Murilo Peres e Lucas Rabelo. Este último deixou para trás Luan Oliveira, que é quarto do ranking e foi sexto colocados dos X-Games tanto em Sydney quanto em Oslo.
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