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Olhar Olímpico

No Mundial, Martine e Kahena buscam vaga olímpica com 'sangue nos olhos'

Demétrio Vecchioli

02/08/2018 04h00

Martine e Kahena vão em busca de vaga olímpica (Jesus Renedo / Sailing Energy / World Sailing)

Martine Grael realizou mais um dos sonhos que não saem da cabeça de quem ama a vela: participou de uma edição da Volvo Ocean Race, principal regata de volta ao mundo. Só que a dedicação ao projeto a afastou do vela olímpica e dos treinamentos com a companheira de ouro Kahena Kunze. Após um ano em que só treinaram juntas alguns dias, as campeãs olímpicas estão juntas de novo, com uma missão nobre: classificar-se para os Jogos de Tóquio, em 2020.

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A primeira chance é o Mundial de Vela, disputado a cada quatro anos, que começa nesta quinta-feira na cidade de Aarhus, na Dinamarca. Na classe 49erFX, os oito primeiros classificados (com limite de um barco por nação) garantem vaga para seus países em Tóquio. No Brasil, como não há nenhum "tubarão" (como os velejadores chamam os concorrentes que vêm de trás) na 49erFX, a vaga é claro que ficará com Martine e Kahena.

"Estamos com sangue nos olhos", revelou Martine, em tom de brincadeira, ao Olhar Olímpico. "Mas temos os pés no chão e não queremos nos apressar. Não será fácil. Nossa última competição juntas foi o Mundial em 2017 e ficamos esse tempo fora enquanto outras duplas não pararam. É claro que vamos dar o nosso melhor e nosso foco é classificar o Brasil para os Jogos de Tóquio. Mas se não vier agora também, tudo bem. Tem outros campeonatos que classificam pela frente", continua.

A Volvo teve sua chegada no finalzinho de junho e Kahana esperava que Martine fosse querer tirar uns dias de folga. Pelo contrário. "Tem um mês que estamos treinando todos os dias", conta a proeira, que está na Dinamarca desde a primeira semana de julho.

Enquanto Martine estava na Volvo, Kahena aproveitou para focar nos estudos e voltar à faculdade de Engenharia Ambiental. "Eu tive algumas lesões depois dos Jogos, então eu quis me recuperar bem para o próximo ciclo. Cheguei a encontrar a Martine em uma parada da Volvo para velejarmos de 49erFX, mas a parte física não foi a minha prioridade nesse tempo. É claro que eu me mantive ativa, fazendo outros esportes e atividades que eu gosto porque se eu só estudasse eu ia surtar. Mas agora já estou de volta à forma e está tudo certo", conta.

O tempo sem treinar juntas, porém, não diminui a gana de bons resultados neste Mundial. "Sou muito competitiva e a Kahena também. Nosso ritmo sempre foi muito intenso desde que começamos a treinar juntas. Agora só não queremos olhar para trás e achar que poderíamos ter feito melhor. Apesar de ter perdido esse ano de treino, ganhamos muito em experiência", avalia Martine.

Mundial

A competição, que vai marcar a estreia de Robert Scheidt como técnico de Jorginho Zarif (leia aqui) começa nesta quinta-feira e vai até o dia 12 de agosto, domingo. Zarif, que é líder do ranking mundial, vai em busca de uma das oito vagas disponíveis na Finn – sempre com o limite de uma por país.

Há o mesmo número de vagas na 470 Masculina e na 49er. Em cada uma delas o Brasil terá dois barcos: Carlos Robles/Marco Grael e Mario Tinoco/Gabriel Borges na 49er e Gilson Mendes/Gustavo Thiesen e Henrique Haddad/Felipe Brito na 470. E também na Nacra 17, única classe mista, em que competem Samuel Albrecht/Gabriela Nicolino e João Bulhões/Bruna Martinelli.

Na Laser são 14 vagas em jogo e o Brasil tem três representantes: Bruno Fontes, João Pedro Souto de Oliveira e o novato Lucas Bueno. A versão feminina, a Laser Radial, distribuiu 18 vagas, e Gabriela Kidd vai atrás de uma delas. A classe 470 Feminina tem Fernanda Oliveira/Ana Barbachan com chances de um bom resultado e de pegar uma das oito vagas em jogo.

Por fim, são mais 10 vagas na RS:X Masculina e 11 na Feminina. Desta vez sem Bimba, o Brasil terá o novato Brenno Francioli e Patrícia Freitas.

"Neste primeiro momento de busca pela classificação olímpica, temos classes um pouco mais bem posicionadas, como 49erFX, Finn, 470 feminina, RS:X feminina e Nacra 17. Temos boas possibilidades em todas elas. Ainda temos correndo por fora classes como a 470 masculina e a 49er, com chance boa de ficar na flotilha ouro e estar na briga", avalia Torben Grael, coordenador técnico da Equipe Brasileira de Vela.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.