Supostas fraudes na gestão do Ibirapuera entram na mira da oposição em SP
O deputado estadual Marco Vinholi, líder do PSDB na Assembleia Legislativa de São Paulo, apresentou na segunda (30) dois requerimentos para cobrar explicações do governo a respeito da cobrança de uma taxa para alugar o ginásio do Ibirapuera. Há duas semanas, o Olhar Olímpico mostrou que no mesmo dia em que foi nomeado coordenador de Esportes pelo governador Márcio França (PSB), o publicitário Gabriel Santacreu recebeu R$ 104 mil em sua conta pessoal.
O pagamento, como mostrou a reportagem do blog, foi feito pela empresa responsável pela organização do Disney on Ice, evento artístico de patinação. O valor constava em contrato firmado entre a produtora e a Secretaria de Esportes do governo estadual, a SELJ. O dinheiro caiu na conta corrente do coordenador, que emitiu recibo em seu nome.
À época, o Olhar Olímpico procurou a secretaria de comunicação (uma vez que Santacreu foi nomeado pelo próprio Márcio França), que admitiu que a prática é irregular e informou ter acionado a corregedoria a partir da denúncia feita pelo UOL. O governo também informou que Santacreu seria afastado, o que não aconteceu. Dois dias depois, ele trocou de cargo com Karina Florido, então gestora de todos os contratos ligados ao Ibirapuera, sendo mantido na secretaria.
Na ocasião, a secretaria de comunicação do governo do estado negou que Santacreu fosse assumir a gestão dos contratos e informou que essa responsabilidade passaria a ser de Higor Lopes. Uma semana depois, na terça-feira da semana passada, Higor viajou para a Alemanha, onde participou de uma prova de triatlo. Ele, porém, não teve a viagem autorizada em Diário Oficial, como manda a lei.
O Olhar Olímpico mais uma vez procurou o governo e foi informado que Higor, que tem e-mail corporativo, sala na Ibirapuera e fez diversas postagens nas redes sociais tratando do novo emprego, na verdade nunca assumiu o cargo. De acordo com a SELJ, a portaria de sua nomeação, assim, ficou sem valor.
Enquanto o governo bate cabeça, a oposição aproveita. Aliado de João Doria, candidato do PSDB ao governo do estado e rival de Márcio França no pleito de outubro, Marco Vinholi protocolou requerimento questionando por que Santacreu não foi exonerado e se a verba depositada na conta pessoal do então coordenador foi restituída aos cofres públicos. O valor era referente ao pagamento de pessoal para 10 dias de operação do ginásio, mas em três deles não houve operação, por causa da greve dos caminhoneiros. A produtora não teve o dinheiro ressarcido.
Em outro requerimento, Vinholi solicitou a convocação de Santacreu para ser ouvido pela Comissão de Esporte da Assembleia Legislativa. O requerimento precisa ser votado pela comissão, que só se reuniu duas vezes este ano e não tem novas reuniões agendadas.
Ao mesmo tempo, a corregedoria vai investigar a prática adotada durante o governo Geraldo Alckmin (PSDB) na mesma área. Nos últimos anos, a SELJ exigia que o pagamento fosse feito em dinheiro vivo, causando críticas de contratantes. De acordo com a própria SELJ, o dinheiro era guardado em um cofre. A gestão Márcio França considera que o procedimento "estava completamente errado por não ser condizente com as práticas transparentes da gestão pública".
Gabriel Santacreu foi contactado pela reportagem, mas não retornou as ligações.
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