Ex-ministro, Picciani ataca 'MP da Caixa' e diz que Temer fez 'trapalhada'
Ex-líder do MDB na Câmara dos Deputados e ministro do Esporte até dois meses, o deputado federal Leonardo Picciani (MDB-RJ) atacou o governo do presidente Michel Temer, seu colega de partido, pela edição da MP 841/2018, que tira mais de meio bilhão de reais do esporte. Picciani, que conseguiu emplacar seu antigo assessor Leandro Cruz como seu sucessor no ministério, chamou a medida de "trapalhada".
"O governo deve estar constrangido por promover uma grande trapalhada, aproveitando-se de um desejo legítimo e importante de estruturar a área de segurança. Quando a gente olha os números dessa MP, a gente vê quem está perdendo e quem está ganhando. Está perdendo o esporte em sua principal fonte, está perdendo a cultura, mais de R$ 300 milhões, está perdendo o FIES, da educação, em quase R$ 1 bilhão", criticou Picciani. "Falo como ex-ministro, parlamentar, membro do mesmo partido do presidente. O governo deve ter humildade de reconhecer seu equívoco, voltar atrás e imediatamente retirar a MP de tramitação", cobrou.
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O ex-ministro colocou o dedo em ferida apontada nesta quarta-feira pelo Olhar Olímpico em primeira mão. Ainda que o governo tenha divulgado que a MP servia para criar e financiar o Fundo Nacional da Segurança Pública (FNSP), citando um aporte anual de R$ 800 milhões, quem mais se beneficiou da MP foi a Caixa Econômica Federal. "Essa é a MP da Caixa, que está ganhando muito dinheiro usando com o desculpa a segurança pública", apontou.
Conforme mostrou o blog mais cedo, as medidas impostas pela MP fazem com que a taxa de administração das loterias, que ficam com a Caixa, sejam ampliadas, em média, de 10% para 19%. Isso significa que, da arrecadação bruta das loterias, o banco estatal passará a ficar com uma fatia de R$ 1,1 bilhão a mais.
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Além disso, a MP também amplia em 4,6 pontos percentuais o volume de recursos que ficam para o pagamento de premiações de loterias como a Mega Sena. "Tem gente ganhando muito mais com a MP do que a área de segurança. O governo está aumentado em 750 milhões os prêmios das loterias sob o argumento de que as loterias ficariam mais atrativas, para aumentar a base de arrecadação. De 2008 a 2017, as loterias cresceram em média 10,8%. Elas já são muito atrativas. Não há problema de atratividade das loterias", atacou.
Picciani disse que vai apresentar ainda nesta quarta-feira, com o apoio de seu partido, uma emenda à MP para que os percentuais do esporte sejam retomados "sem mexer em um centavo do que está proposto para a segurança".
Rogério Sampaio também critica
Campeão olímpico, Rogério Sampaio teve cargo de chefia no Ministério do Esporte durante quase a totalidade da gestão Temer, deixando a pasta recentemente para assumir como diretor-executivo do COB. E foi como representante do comitê que ele foi nesta quarta-feira à Câmara e também criticou o governo.
"Como foi aprovado é que isso nos traz grande indignação. Ninguém do esporte foi escutado. Ninguém da cultura foi ouvido. Não foi realizado debate sobre como fazer o fomento ao sistema de combate à violência no Brasil. toda medida, enfiada goela abaixo de qualquer setor da sociedade, não será bem recebida", comentou.
De acordo com ele, o COB, que não tem grandes perdas diretas pela MP, está preocupado com o equilíbrio do sistema nacional do esporte. "Todos fazem um trabalho importante para que algum momento esses atletas sejam revelados e desenvolvidos pelo COB para poder participar de competições esportivas internacionais."
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