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Olhar Olímpico

CPI dos Maus-Tratos vai ouvir Diego Hypolito e treinador acusado

Demétrio Vecchioli

08/05/2018 15h50

A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os maus-tratos contra crianças e adolescentes aprovou no início da tarde desta terça-feira dois requerimentos do senador Magno Malta (PR/ES), presidente da CPI, para que o técnico de ginástica Fernando de Carvalho Lopes e o ginasta Diego Hypolito sejam ouvidos. Uma vez que é acusado de abuso sexual, Fernando foi convocado. Diego é apenas convidado.

Fernando foi inicialmente acusado por um atleta menor de idade, em 2016, de molestá-lo sexualmente. A investigação corre em segredo de Justiça na Delegacia da Mulher de São Bernardo do Campo (SP), onde ele mora e trabalhava. Depois, na semana passada, o Fantástico produziu reportagem na qual entrevistou mais de 40 ex-alunos do treinador que também dizem terem sido vítima dele. A polícia já colheu mais de uma dezena de depoimentos neste sentido.

A delegada responsável pelo caso, Tereza Guarin, inclusive já revelou ao Olhar Olímpico que tem indícios suficientes para sugerir ao Ministério Público que peça o indiciamento de Fernando. Isso pode inclusive acontecer até o fim do mês uma vez que o treinador, último a ser ouvido, deverá prestar depoimento ainda na semana que vem.

Ao mesmo tempo, o parlamento brasileiro quer ouvir o que Fernando tem a falar. No requerimento no qual sugere a convocação do treinador, Malta escreve que "tecentes notícias publicadas pela imprensa informam diversos
casos de abusos sexuais de meninos cometidos pelo ex-técnico da seleção brasileira de ginástica artística Fernando de Carvalho Lopes. Entendemos necessário que esta CPI ouça o acusado visando o esclarecimento dos fatos, contribuindo assim com o processo investigativo já iniciado pelo Ministério Público do estado de São Paulo".

A convocação foi aprovada na reunião desta tarde, que contou com três titulares e dois suplentes, apenas. Na mesma sessão também foi aprovado o convite para que Diego Hypolito deponha. O ginasta, bronze na Rio-2016, foi treinado por Fernando nos dois anos anteriores à Olimpíada, já adulto, e não tem queixas contra o treinador, afastado da seleção a um mês dos Jogos.

Mas, depois da divulgação das acusações contra Fernando, ele revelou que na infância, quando era atleta do Flamengo, sofria bullying de colegas de equipe. E essa é uma das pautas da CPI. Em virtude de toda sua experiência na área do esporte, entendemos necessário que esta CPI ouça o atleta Diego Hypólito para que ele apresente sugestões de medidas, inclusive legislativas, que podem ser tomadas para que as atletas crianças e adolescentes sejam melhores protegidos de violências física, sexual e emocional", escreveu Magno Malta no requerimento.

Pelo que consta no site da CPI, a mesma não realiza audiências públicas ou oitivas desde novembro do ano passado, quando a comissão ouviu o curador da polêmica exposição Queermuseu, além de artistas.

Antes do Senado, a Câmara também já havia recebido um requerimento para ouvir Fernando. O tema vai a discussão na Comissão do Esporte na quarta-feira, proposto pelos deputados Evandro Rogério Roman (PSD-PR) e Fabio Mitidieri (PSD-SE). Se o requerimento for aprovado, o treinador seria chamado para uma audiência pública junto com a presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, Luciene Resende, e do técnico Marcos Goto.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.