Comissão de Atletas engrossa o tom e critica postura de confederações

A Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) resolveu falar grosso e abrir o fronte de uma disputa por poder contra um grupo de confederações. Na noite desta sexta, os atletas, liderados pelo judoca Tiago Camilo, enviaram à presidência do COB e aos demais membros da entidade uma carta dura na qual criticam a decisão da assembleia geral extraordinária realizada mais cedo que deu a eles apenas cinco votos no colégio eleitoral do COB.

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A proposta apresentada por uma comissão estatuinte que tinha quatro membros, incluindo o próprio Tiago Camilo, era que os atletas tivessem direito a um voto a cada três das confederações. Ou seja: 12, na constituição do COB a partir do ano que vem. Mas um grupo formado por 15 confederações pediu para que fosse votado um texto alternativo e conseguiu sua aprovação anulando o voto da Confederação Brasileira de Rúgbi, que havia se ausentado da assembleia deixando seu voto registrado anteriormente. As mesmas 15 confederações votaram pela anulação do voto.

"A decisão de rejeitar a proposta da participação de atletas, correspondente a 1/3 do total de pessoas jurídicas filiadas ao COB, descaracteriza e fere a postulação, pela comunidade esportiva e pela sociedade civil, de implementação de um processo mais democrático, no âmbito do COB, quanto à discussão e aprovação de temas relativos ao esporte olímpico brasileiro", reclamam os atletas.

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"A maior participação dos atletas no processo decisório do COB é uma reivindicação e um questionamento do próprio COI que, através da Agenda 2020, prioriza e valoriza a maior participação de atletas olímpicos no processo decisório em âmbito nacional. A maior representatividade de atletas na Assembleia Geral do COB seria motivo de orgulho e uma demonstração de inovação, quiçá das mais valiosas, já implementadas pela comunidade esportiva brasileira nos últimos anos, e seria modelo a ser seguido pelas Confederações Brasileiras em suas estruturas de governança, fortalecendo a necessidade de formação das respectivas Comissões de Atletas de cada Confederação Brasileira e valorizando aquelas já existentes", continuam.

E eles não escondem o que ficou claro na assembleia desta manhã: um racha que coloca de lados opostos os atletas e um grupo de 15 confederações, a maior parte delas liderada por dirigentes que se perpetuam no poder, como as de canoagem e tênis de mesa.

"Entre a comunidade olímpica brasileira postula-se e defende-se não haver qualquer tipo de conflito ou mesmo de oposição entre dirigentes esportivos e atletas, mas, lamentavelmente, a decisão ora tomada pela Assembleia do COB expõe, flagrantemente, a existência de um movimento unilateral, partindo das confederações, no sentido de preservar e fazer valer apenas seus próprios interesses", atacam.

Os atletas continuam a carta cobrando que o COB reveja sua posição. Mais especificamente, querem que seja validado o "sim" da CBRu, que exigiria um voto de minerva de Paulo Wanderley, presidente do COB, que ficou em cima do muro quando questionado por jornalistas após a assembleia – ele já demonstrou, entretanto, que está do lado dos atletas nessa disputa por poder.

Além disso, a comissão de atletas cobra "a total revisão da decisão que rejeitou a proposta de participação de 12  atletas" na assembleia e que a mesma volte a ser incluída na próxima revisão estatutária que, por força do Estatuto aprovado, está prevista para ocorrer a cada 02 anos".

A carta é assinada por Tiago Camilo, com o aval de todos os demais membros da comissão: Duda Amorim, Baby Futuro, Emanuel Rego, Fabiana Murer, Yane Marques, Poliana Okimoto, Arthur Zanetti, Thiago Pereira, Fabiano Peçanha, Emerson Duarte, Bruno Mendonça, Hugo Hoyama, Iziane Marques, Marcelinho Machado, Fabi Alvim, Hortência, Isabel Clark e Isabel Swan.

Votaram contra a proposta dos atletas as confederações de boxe, canoagem, ginástica, handebol, levantamento de peso, pentatlo moderno, remo, ciclismo, taekwondo, tênis de mesa, tiro com arco, tênis, tiro esportivo, vôlei e wrestling.