Banco do Brasil frustra atletas e rejeita retomar patrocínio ao handebol

(divulgação)
Os principais atletas de handebol do país lançaram um movimento para exigir a renúncia do presidente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), Manoel Oliveira, e para tentar convencer o Banco do Brasil a voltar atrás da decisão de não renovar o patrocínio à modalidade, de R$ 7,8 milhões anuais. Não conseguiram nem uma coisa nem outra. Na terça-feira, em Brasília, ouviram do banco que por enquanto isso é impossível.
O planejamento do grupo de atletas, liderado pelo capitães das quatro seleções nacionais (de quadra e de areia), previa que o barulho causado pelo movimento nas redes sociais e na imprensa pressionasse Manoel a renunciar. Com o dirigente enfim longe da confederação após 29 anos, eles apresentariam um plano de reestruturação para a confederação e levariam a ideia até o Banco do Brasil.
Algo parecido fizeram os nadadores, há pouco mais de um ano, quando os Correios ameaçaram tirar o patrocínio da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), que naquele momento estava sob intervenção. Foi feita uma campanha online e os principais nomes da natação no país – Gustavo Borges, Cesar Cielo e Thiago Pereira – foram até Brasília para apresentar ideias e ações. Conseguiram manter o patrocínio.
Desta vez a decisão da estatal, no caso o Banco do Brasil, já estava tomada. A CBHb vem sendo alvo de denúncias desde novembro de 2016, quando a ESPN publicou uma série de reportagens mostrando fraudes na gestão da confederação. O Tribunal de Contas da União (TCU) também apontou diversas irregularidades, enquanto o Ministério Público Federal investigava o caso. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do Handebol chegou a impedir que Manoel fosse candidato à reeleição no ano passado, mas ele se reelegeu mesmo assim.
Apesar da imagem arranhada da modalidade, os principais atletas do país não se mobilizaram. A decisão da Justiça do Distrito Federal pelo afastamento de Manoel da presidência foi o estopim para o Banco do Brasil decidir não renovar o patrocínio que vence agora no fim de maio. Só depois que a decisão do banco tornou-se pública é que os atletas passaram a se manifestar publicamente. Já era tarde.
Na terça-feira, uma força-tarefa foi até Brasília para conversar com dois gerentes do banco. Também estiveram presentes o presidente em exercício, Ricardo Souza (Ricardinho) e o presidente do Conselho de Administração, Carlos Brum, além de um representante dos clubes (Tatá, de Taubaté). Mas não teve jeito.
O banco informou que não há nada que se possa fazer para que a decisão de não renovar o patrocínio seja revista. Os representantes do BB, porém, deixaram as portas abertas para que o handebol, no futuro, volte a apresentar um projeto, desde que antes tenha de fato revisto sua forma de gestão. Por enquanto, tudo está como antes.
Até hoje a CBHb não cumpriu a decisão judicial de afastar Manoel Oliveira da presidência. Como a decisão foi tomada pela Justiça do Distrito Federal e a confederação fica em Sergipe, ela demorou a ser avisada. No mesmo dia que isso aconteceria, Manoel pediu afastamento por questões de saúde – no começo do ano ele teve complicações cardíacas. Assim, oficialmente, Manoel não está afastado por decisão judicial, mas por razões médicas. Quando sarar, não pode voltar.
Dificuldades
A CBHb contava com a renovação do contrato, que vence no próximo dia 30 de maio. Tanto que fez todo o planejamento financeiro a partir do apoio. A expectativa, expressa no planejamento aprovado pelas federações estaduais em março, era de que o Banco do Brasil não só renovasse contrato como investisse R$ 5 milhões em 2018.
Mas o banco já havia dado mais de uma mostra que não está interessado em se relacionar com confederações envolvidas em escândalos. Em 2014, encerrou cinco anos de patrocínio à Confederação Brasileira de Futsal em situação parecida. Curiosamente, àquela época, a explicação para deixar a CBFS foi a troca para o handebol. Sem Correios e Banco do Brasil, o futsal pena para sobreviver.
O handebol vai por caminho parecido. Além dos R$ 5 milhões em patrocínio direto, a confederação também apostava em levantar outros R$ 6 milhões pela Lei de Incentivo ao Esporte, possivelmente junto aos patrocinadores. Agora, a meta fica mais difícil. A única verba garantida é o repasse da Lei Agnelo/Piva: apenas R$ 2,5 milhões para 2018, além de um patrocínio de R$ 1,6 milhões dos Correios.
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