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Olhar Olímpico

Jogadores da seleção de handebol se mobilizam para BB não tirar apoio

Demétrio Vecchioli

14/04/2018 04h00

As primeiras denúncias graves contra a gestão de Manoel Oliveira à frente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) surgiram em 2016. Dois anos se passaram e agora os jogadores das seleções brasileiras resolveram se mobilizar. De uma só vez, a confederação teve seu presidente afastado por decisão judicial e perdeu o seu patrocinador máster, o Banco do Brasil, que anunciou que não vai renovar o acordo que vence em 30 de maio. Unidos, os atletas tentam minimizar o prejuízo.

"Muito maior do que o presidente, ou que a própria instituição, são os esforços e sacrifícios dos atletas e comissões técnicas. Em vista disto, gostaríamos que o handebol fosse valorizado pelo trabalho destas pessoas, pela sua grandeza e pelo seu imenso potencial de crescimento. Gostaríamos que todas e todos que trabalham com handebol fossem respeitados e incentivados para seguir construindo esse projeto de tão grande valia para o esporte nacional", escreveram os jogadores, em carta aberta publicada nas redes sociais.

O texto, assinado pelos "atletas brasileiros de handebol", foi compartilhado nesta sexta-feira por diversos jogadores das seleções masculina e feminina de handebol de quadra e também por jogadores do handebol de praia, no qual o Brasil é líder do ranking mundial.

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A carta cita nominalmente o Banco do Brasil, que na terça-feira enviou ofício à CBHb informando que não renovará o contrato de patrocínio que vence no fim de maio. Isso significa que a confederação, que recebeu quase R$ 16 milhões de reais em patrocínios em 2016 e era a única apoiada por duas estatais, vai ter apenas um contrato de R$ 1,6 milhão, com os Correios.

Esse cenário era apontado com possível desde que as denúncias que acabaram motivando a Justiça a afastar Manoel, a respeito de mau-uso de recursos públicos, foram tornadas públicas, em 2016. Mas a comunidade do handebol, incluindo atletas, não se mobilizou. O próprio Manoel conseguiu se reeleger para mais um mandato, apoiado por federações estaduais.

Agora, com a água no pescoço, essa comunidade saiu da inércia. Os próprios atletas afirmam que estão "desolados" pelo "triste momento" pelo qual passa o handebol, apesar de resultados esportivos expressivos. Eles atacam inclusive o presidente Manoel: "Infelizmente temos vivenciado em nosso país reiterados episódios em que agentes do Poder Público promovem ações questionáveis, do ponto de vista das finalidades e interesses públicos, fazendo com que quem pague seja a população. No nosso esporte não está sendo diferente, e agora iremos enfrentar grandes dificuldades para avançar no nosso fortalecimento e crescimento, como vínhamos fazendo".

Antes mesmo dos atletas, um grupo de treinadores dos clubes profissionais do país enviou uma carta aberta ao presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli. "A não renovação do contrato de patrocínio e a consequente saída do BB do handebol não trará apenas consequências negativas para as seleções olímpicas, mas para toda a cadeia produtiva de praticantes do handebol, para todos os sonhos que o BB como patrocinador do handebol brasileiro fez crescer nas vidas de milhares de brasileiros que praticam esta modalidade nas cinco regiões deste imenso país", argumentam os treinadores.

"O Banco do Brasil sendo parte de um governo e patrimônio do povo brasileiro, não pode deixar órfãos milhares de brasileiros em um momento tão delicado como este. Pensamos que esta ruptura vai além dos 40x20m da nossa quadra de jogo, ela vai em cima de sonhos e oportunidades de crianças, adolescentes e jovens que veem nas nossas seleções os seus próprios futuros e vidas", continuam, pedindo que o BB reconsidere sua decisão.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.