Um movimento da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) requentou o debate que parecia consolidado sobre o Novo Basquete Brasil (NBB) ser o campeonato brasileiro masculino de basquete. A entidade presidida por Guy Peixoto resolveu não indicar o NBB como "evento máximo da temporada nacional", vetando que os atletas que disputaram a competição no ano passado possam pleitear o Bolsa Atleta. Escolheu um evento próprio, de terceira divisão, o que foi rejeitado pela Secretaria Especial do Esporte. No fim, o basquete ficou sem eventos indicados no edital lançado no começo da noite.  

O tema apareceu mais cedo, em fala do coronel Antônio Ruy da Costa Júnior, diretor de Alto Rendimento no governo federal, que representou a Secretaria do Esporte em simpósio no Ceará. "A CBB retirou a Liga Nacional de Basquete, a principal liga do Brasil, o NBB, do hall das competições do Bolsa Atleta. Quem é o prejudicado? O atleta. Nós estamos tentando que a confederação repense essa decisão que ela tomou, que volte a incluir a liga", contou.

Pela lei que rege o Bolsa Atleta, têm direito à bolsa nacional os atletas que obtiverem as três primeiras posições em no "evento máximo da temporada nacional ou que integrem o ranking nacional da modalidade divulgado oficialmente pela respectiva entidade nacional da administração da modalidade". Ainda pela lei, os eventos máximos são indicados pelas respectivas confederações.

Historicamente a CBB indica o NBB e a Liga de Basquete Feminino (LBF), assim como a CBV indica a Superliga. Para o edital 2019, aberto hoje (25), a confederação de basquete decidiu indicar a Supercopa Brasil de 2018, um torneio que valia o direito de pleitear disputa a Liga Ouro, divisão de acesso ao NBB. Na prática, o torneio organizado pela CBB era a terceira divisão e contou somente com três equipes do Paraná – o campeão Ponta Grossa, o vice Maringá e o terceiro colocado Pato Basquete -, e uma da Bahia.

Em nenhum momento a CBB informou que indicou esse torneio como o válido para a Bolsa Atleta, ainda que o tenha feito ainda no ano passado. Em nota ao blog, a confederação disse que "entende que o programa do governo federal é uma iniciativa que visa dar condições para que atletas que precisam da verba sigam suas carreiras, invistam no seu desenvolvimento e possam prosseguir em busca de um dia chegarem ao alto rendimento, o que não é o caso dos três primeiros colocados da LNB".

A postura surpreendeu a LNB, que ficou sabendo pelo blog da indicação. "LNB tem a chancela da CBB para a realização do Campeonato Brasileiro de Basquetebol masculino adulto, desde 2009, de forma exclusiva e com validade para o tempo em que a LNB o estiver realizando", lembrou a entidade, em nota, dizendo desconhecer o assunto.

No fim do ano passado, a CBB rachou com os clubes e impôs uma série de condições para o NBB seguir existindo. Na ocasião, o racha começou quando, no mesmo dia do lançamento do NBB, a CBB anunciou que organizaria um Campeonato Brasileiro Nacional Adulto" a partir deste ano, sem divulgar que seria uma competição de segunda divisão, como havia acordado com a liga.

A LNB não gostou da atitude da confederação e enviou um ofício em tom nada amistoso, criticando Peixoto. A resposta da CBB foi o rompimento do termo de cooperação com a liga. Semanas depois as duas partes se entenderam, com a liga aceitando uma série de exigências e a CBB se comprometendo a continuar tratando o NBB como principal torneio do país.

Neste ano, a CBB não enviou nenhum representante da sua cúpula para o lançamento do NBB.