Botafogo para de investir no vôlei e time fica sem salário na Superliga
Demétrio Vecchioli
23/10/2019 04h00
Lorena comemora título da Superliga B (Vitor Silva/SS Press/BFR)
A equipe masculina de vôlei do Botafogo corre risco de não disputar a Superliga, que conheça daqui a três semanas. O clube até mandou representantes para o lançamento do torneio nesta segunda-feira (21), em São Paulo, mas os jogadores ainda não receberam nenhum salário dos contratos firmados para a temporada 2019/2020, que começou em julho. A estreia da equipe oficialmente é sábado, pelo Campeonato Carioca, torneio do qual é o maior campeão.
O time profissional do Botafogo vem sendo mantido pelo clube de forma contínua desde 2015, quando foi campeão carioca. A equipe entrou na Superliga B em 2016 e, por três temporadas, parou sempre na semifinal. O tabu só caiu em abril desde ano, quando o Alvinegro faturou o título da Superliga B e enfim conseguiu o acesso.
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O que parecia ser a realização de um sonho virou um pesadelo em meio à crise financeira enfrentada pelo clube. Boa parte do elenco campeão renovou contrato para a temporada 2019/2020, incluindo o levantador Pedro e o experiente Lorena, de 40 anos, um dos cabeças do projeto. Desde julho, porém, nenhum salário foi pago – a diretoria não informa o custo da folha salarial.
De acordo com o Botafogo, o clube utilizava recursos próprios e de patrocinadores para manter o time. Depois que a equipe chegou à Superliga, porém, o clube decidiu que não vai colocar mais nenhum centavo no time, que precisa se sustentar apenas com dinheiro de patrocinadores, que não existem. Chegou a ser firmado um acordo com a prefeitura de Maricá, mas que até agora não saiu do papel.
O site Tabela Carioca publicou nesta terça-feira (22) que três jogadores já deixaram a equipe: o levantador Pedro, que vai para o Vôlei Ribeirão, o central Robinho e o ponteio Leozinho. A informação foi confirmada pelo Olhar Olímpico. Outros atletas como Hugo e Riad também estariam em vias de sair.
Há um mês o UOL Esporte publicou que os "cardeais" do Botafogo, que costumam ajudar financeiramente o clube, estariam irritados com os investimentos feitos na equipe de basquete. O departamento comercial botafoguense conseguiu um patrocínio de R$ 4 milhões com a TIM, e esse dinheiro deveria ser investido apenas em outros esportes que não o futebol profissional. Restava ao clube, então, duas frentes: basquete ou categorias de base – do futebol, no caso, vistas pela empresa como investimento social.
Hoje o Botafogo investe na base R$ 9 milhões anuais. Para os críticos, havia uma recomposição possível: destinar os R$ 4 milhões da patrocinadora para as categorias menores e, paralelamente, redirecionar a mesma quantia — já prevista em seu orçamento — para o futebol profissional.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.