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Governo Bolsonaro reduz investimento em esporte militar

Demétrio Vecchioli

13/10/2019 04h00

Ministro general Fernando Azevedo fala aos membros da delegação brasileira que vai aos Jogos Mundiais Militares

Quase 350 atletas da Exército, Marinha, da Aeronáutica e de forças auxiliares, como policiais militares e bombeiros, embarcam a partir deste final de semana para Wuhan (China), onde o Brasil disputa os Jogos Mundiais Militares. Mantendo uma estratégia formulada no fim da década passada, a delegação brasileira tem tudo para conquistar de novo um número expressivo de medalhas, brigando com China e Rússia pelas três primeiras colocações do quadro de medalhas.

As Forças Armadas, porém, já se preparam para o que virá depois disso. A Lei Orçamentária Anual (LOA) enviada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao Congresso prevê um investimento de apenas R$ 600 mil para o treinamento de alto-rendimento no ano que vem. Nos últimos quatro anos, o Departamento de Desporto Militar (DDM) teve em média R$ 3,1 milhões ao ano para investir.

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Esse montante não está relacionado com a folha salarial dos atletas militares, hoje na casa de R$ 28,6 milhões ao ano. Os números foram apresentados pelo presidente da DDM, General Jorge Antonio Smicelato, em audiência pública na Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados.

Na LOA enviada por Bolsonaro ao Congresso para 2020, são destinados apenas R$ 3,6 milhões para "desenvolvimento do desporto e do paradesporto nacional e militar". Desse montante, R$ 3 milhões serão gastos para levar seleções brasileiras aos Mundiais Militares, restando R$ 600 mil para a preparação dos atletas militares, muitos deles possíveis integrantes do Time Brasil na Olimpíada.

Neste ano de 2019, pelo orçamento proposto por Michel Temer (MDB) e aprovado pelo Congresso, o DDM tem R$ 2,6 milhões para investir na preparação de atletas militares, o que inclui viagens, períodos de treinamento e compra de equipamentos. É dessas iniciativas que saem frutos para o esporte olímpico brasileiro como um todo – melhor preparados, os atletas militares entregam melhores resultados seja nos Jogos Militares, em um Mundial civil ou nos Jogos Pan-Americanos.

Levar 349 atletas e 142 oficiais para a China vai custar R$ 4,3 milhões, de acordo com o Ministério da Defesa. Outros R$ 2,6 milhões foram repassados do antigo Ministério do Esporte para a Defesa no fim do ano passado para  a compra de materiais esportivos e equipamentos. 

O Olhar Olímpico perguntou ao Ministério da Defesa se a pasta pretende recompor o orçamento para 2020. Não obteve resposta. O blog já mostrou que a Secretaria Especial do Esporte também deve perder 49% do seu orçamento para o ano que vem. A secretaria vem tentando convencer deputados a destinarem emendas a ela.

Um time de homens

O Ministério da Defesa não divulgou a lista completa de convocados para os Jogos Militares, mas é certo que o número de homens na delegação vai superar em muito o número de mulheres. Afinal, é assim que é composta a tropa "esportiva" das Forças Armadas.

De 781 atletas militares, 517 são homens (66%) e 264 mulheres (34%). Uma proporção quase perfeita de dois homens para cada uma mulher. Nos Jogos Pan-Americanos de Lima, o Time Brasil tinha 51% de homens e 49% de mulheres, enquanto a expectativa é que em Tóquio-2020 a delegação brasileira seja composta majoritariamente por mulheres.

A discrepância fica ainda mais visível quando se analisa os atletas militares de carreira. Atualmente as Forças Armadas têm 202 militares esportistas. Desses, são 182 homens (90%) e somente 20 mulheres (10%). No Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR), onde as Forças Armadas escolhem os atletas que vão contratar, 58% dos 576 atletas são homens, contra apenas 44% de mulheres.

O Ministério da Defesa não explicou por que há tamanha discrepância na tropa. Disse apenas que "o PAAR atende em condições similares homens e mulheres", mas que, até o momento, "as modalidades disputadas no Jogos Militares são preponderantemente masculinas".

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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