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Olhar Pan-Americano: Ministro ainda acha que atletas vêm das Forças Armadas

Demétrio Vecchioli

29/07/2019 04h00

"De onde vêm nossas grandes atletas", postou o ministro Osmar Terra no Twitter, ontem de manhã, compartilhando imagem das brasileiras Luisa Baptista e Vittoria Lopes batendo continência no pódio. Seus seguidores entenderam o recado: o responsável pelo extinto Ministério do Esporte, hoje um pedaço do Ministério da Cidadania, acredita que atletas "vêm" das Forças Armadas.

Não vêm. Atletas de sucesso, como Luisa e Vittoria, vêm dos mais diversos lugares. Por uma estratégia do governo brasileiro, os melhores de determinadas modalidades passam, em algum momento da carreira, pelas Forças Armadas.

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Atletas fazem parte de um sistema. Para chegar à medalha pan-americana, Vittoria começou na academia da mãe, uma referência no triatlo no Brasil. Seus treinamentos são bancados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que paga a ela uma bolsa todo mês, que ela precisa usar para pagar um treinador.

Luisa há muitos anos é bancada pelo Sesi-SP, que tem o maior e mais longevo programa de incentivo ao triatlo no país. Todos no esporte sabem que se não fosse o Sesi talvez não houvesse triatlo de alto-rendimento no Brasil. O ministro sabe disso, porque acompanhou a prova ao lado de quem mais entende de triatlo no país: o vice-presidente do COB Marco La Porta.

Nas redes sociais, porém, prefere fazer propaganda "institucional" de um ministério que não é o dele. Seus seguidores não sabem, por exemplo, que Vittoria e Luisa só chegaram onde chegaram porque recebem Bolsa Atleta, programa que está sub tutela de seu ministério.

O governo precisa entender que o Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) das Forças Armadas é parte de um sistema, mas não é o sistema. Ele pega o atleta pronto e ajuda em seu financiamento, assim como ajudam o Ministério da Cidadania, o COB, as confederações, os clubes e os patrocinadores. Com a diferença que os demais não tentam pegar para si o louro dos outros.

Aviso aos leitores: este blogueiro está em Lima, na cobertura do Pan. O noticiário diário está sendo publicado na lista de últimas notícias do UOL Esporte. No Olhar Olímpico, durante esses dias, vou postar comentários diários. É a série Olhar Pan-Americano.

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Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.


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