Sem nadador suspenso por doping, Brasil decepciona no 4x100m livre
Demétrio Vecchioli
21/07/2019 09h36
Sem poder contar com Gabriel Santos, suspenso por doping na sexta-feira (19), o Brasil decepcionou na final do revezamento 4x100m livre do Mundial de Natação, neste domingo (21), em Gwangju. Cotado para brigar por medalha, a equipe brasileira ficou em um decepcionante sexto lugar. Estados Unidos, Rússia e Austrália ficaram com as três primeiras colocações.
O Brasil não havia feito boa eliminatória, pela manhã, e avançou exatamente com o sexto tempo. Convocado para ser reserva, André Calvelo, de 18 anos, foi o terceiro a nadar pelo Brasil e também o mais lento, fazendo a perna dele em 48s44. Como esperado, foi ele a sair para a entrada de Bruno Fratus, que inicialmente não foi convocado para compor o time.
Como Gabriel Santos foi suspenso, a comissão técnica optou por poupar Fratus para a final. Mas só ele nadou bem na final. Marcelo Cheirighini abriu com 48s10, em quarto, e entregou para Pedro Spajari fazer 48s14, deixando em sexto. Fratus cansou no final, mas completou sua perna em 47s78. A esperança era que Breno Correia, tido como aguerrido para revezamentos, fechasse bem. Mas com o ele o Brasil não só não ultrapassou Itália e Grã-Bretanha como foi passado pela Austrália. Com os 47s97 dele, a equipe completou em 3min11s99, a 0s77 do bronze.
O Brasil vinha de dois pódios em grandes competições. Com Chierighini, Gabriel, Cielo e Fratus, a equipe foi prata no Mundial de 2017, perdendo só dos Estados Unidos. No ano passado, com Cherighini, Gabriel, Marco Ferreira Júnior e Spajari, venceu o Pan-Pacífico aproveitando-se da eliminação dos americanos.
Mais Brasil
O Brasil ainda participou de duas semifinais neste domingo. Nos 50 borboleta, Nicholas Santos passou à final com o segundo melhor tempo, 22s77, atrás apenas do norte-americano Caeleb Dressel, que bateu o recorde da competição com 22s57. Dressel, de 22 anos, é o grande favorito para a final que será na segunda à noite em Gwangju (de manhã no Brasil). Além dos dois, também deve brigar pelo ouro o ucraniano Andrii Govorov, recordista mundial e treinado pelo brasileiro Arilson Silva.
Nos 100m peito, João Luiz Gomes Jr foi mal. Depois de avançar das eliminatórias com o sétimo tempo (59s25), ele foi lento na volta da semifinal e terminou em 11º, com 59s32. O desempenho é frustrante porque, diferente do esperado, não foi necessário nadar na casa de 58 segundos (o que nenhum brasileiro nunca conseguiu) para chegar à final. O oitavo colocado fez 59s21.
A prova teve um dos desempenhos mais fantásticos da história da natação. O britânico Adam Peaty estraçalhou seu próprio recorde mundial, vencendo a série com 56s88. Ele tinha 57s10 como recorde mundial e 57s47 como recorde do campeonato. Para se ter uma ideia, até o surgimento de Peaty, em 2015, o melhor tempo da história era 58s46. Não só ele foi o primeiro (e único) a nadar na casa de 57 segundos como agora é o primeiro na casa de 56s.
Outras provas
Astro chinês, Sun Yang abriu o Mundial com o tetracampeonato dos 400m livre, prova que ele também havia vencido em 2013, em 2015, em 2017 e em 2019. No total foi a décima medalha de ouro dele em Mundiais, a 15ª no total. Em Gwangju, a prata foi para o australiano Mack Horton, campeão olímpico da prova, e o bronze para o italiano Gabriele Detti, repetindo o pódio do Mundial de 2017. O brasileiro Luiz Altamir ficou na fase eliminatória, em 15º, com recorde pessoal: 3min48s87.
Mesma sorte não teve a norte-americana Katie Ledecky. A grande estrela da natação mundial pela primeira vez perdeu uma prova individual de 400m livre em grandes competições. A responsável pelo feito foi a australiana Ariarne Titmus, de apenas 18 anos, que nadou melhor que a rival nos primeiros 200 metros, foi ultrapassada, mas foi extraordinária na última piscina. Nos últimos 50 metros, ela foi quase dois segundos mais rápida que Ledecky.
Aos 22 anos, Ledecky só havia sofrido derrotas em grandes competições nos 200m livre – foi prata no Mundial 2017 e bronze no Pan-Pacífico 2018. Nos 400m, nos 800m e nos 1.500m, só colecionava ouros.
Sobre o autor
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.
Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.
Sobre o blog
Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.