Rafael Aguiar (de capacete), atuaria na Secretaria do Esporte em defesa dos esportes eletrônicos
O Ministério Público do Distrito Federal investiga a atuação de um assessor da Secretaria Especial do Esporte, nomeado em março para, segundo ele, atuar na regulamentação dos jogos eletrônicos como prática esportiva. Como mostrou o Olhar Olímpico na semana passada, esse assessor, Rafael Moreira de Aguiar, é diretamente interessado no tema, uma vez que é ligado a uma empresa do ramo, a Brazilan Crusaders.
Uma denúncia anônima levada ao MPF acusa Aguiar por improbidade administrativa, pelos supostos crimes de corrupção e tráfico de influência. Essa denúncia, datada do início de abril, aponta que Rafael é o "verdadeiro proprietário" da empresa Brazilian Crusarders, empresa da qual Rafael afirma ser fundador. A firma, que atua como equipe de jogos de guerra, está agora registrada no nome do pai dele.
A Notícia de Fato foi distribuída ao 12º Ofício de Combate ao Crime e à Improbidade Administrativa da Procuradoria da República do DF. No fim de abril, o procurador Felipe Braga enviou ofício ao secretário especial do Esporte, general Décio Brasil, para questionar a nomeação do empresário para cargo no qual "pode haver conflito de interesse", no entender do procurador.
Isso não impediu, contudo, que
Aguiar fosse levado pelo secretário e pelo Ministro da Cidadania ao Conselho Nacional do Esporte (CNE), na semana passada, para defender a regulamentação dos chamados e-esportes como esportes. Foi o empresário que fez a sustentação oral em defesa da aprovação de uma "Comissão de Esporte Eletrônico", que seria destinada a "examinar questões relevantes do esporte eletrônico nacional". Na sua fala, ele defendeu, por exemplo, que atletas de esportes eletrônicos tivessem acesso à Bolsa Atleta, pelo que relataram três participantes do encontro ao blog – a secretaria não disponibiliza vídeo.
Não existia no antigo Ministério do Esporte nenhuma área voltada ao esporte eletrônico. Oficialmente continua não havendo no novo ministério, mas Aguiar se descreve nas redes sociais como responsável por "formular e incentivar ações e programas governamentais voltados ao incentivo, investimento e desenvolvimento do esporte eletrônico". Quando foi nomeado, ele postou no Facebook que havia sido escolhido pelo então secretário general Marco Aurélio Vieira para tocar a "nova área" de esporte eletrônico.
Página de assessor da Secretaria de Esporte mostra relação dele com empresa de espotes eletrônicos
Aguiar é funcionário público de carreira do Ministério da Economia, com o cargo de especialista em políticas públicas e gestão governamental, tendo sido deslocado para a Secretara do Esporte a pedido desta. No Facebook, ele frequentemente posta sobre a equipe falando da equipe dela na primeira pessoa do plural: "nossos jogadores", "nossos patrocinadores"… Conhecida como BRC, a equipe está em crescimento, graças ao sucesso no jogo Playerunknown's Battlegrounds.
Na semana passada, quase dois meses após a denúncia, a página de Aguiar no Facebook continuava dando amplo destaque à equipe. Ele apagou o perfil depois de ser questionado pelo Olhar Olímpico. Novamente contactado, para comentar a investigação do MPF, ele não respondeu às mensagens da reportagem. A Secretaria de Esporte também foi procurada e não respondeu.
Na semana passada, a secretaria negou que haja área de esportes eletrônicos criada formalmente na secretaria e afirmou qhe Rafael "ajudou a formar" a equipe Brazilian Crusaders E-Sports, mas "não tem ingerência na gestão da mesma".